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27 abril 2021

Inteligência militar, desenvolvimento e valor



É interessante como essa jornada de inteligência militar, financiando o desenvolvimento ( que acaba ficando óbvia quando se olha para a guerra fria), tem me guiado em direção a própria raíz do pensamento humano.

Da Vinci - Escrita reversa em italiano

De modo que os modelos de desenvolvimento econômico que tratam do setor científico da sociedade, acabam sendo uma análise interessante tanto para os EUA da Guerra Fria, quanto para o desenvolvimento técnico-científico em curso no renascimento com Da Vinci e Europa.

A estruturas das escolas de pintura que Da Vinci e Michelangelo frequentaram, no que se refere ao desenvolvimento de ideias, em muito se assemelham aos Think Tanks de hoje. Se no período do renascimento o estudo da geometria se convertia em pinturas nos templos religiosos, enquanto a inquisição perseguia Judeus pelo mundo...No período da guerra fria think tanks como Rand Corp orientavam o pensar humano, até então concentrado nas estruturas acadêmicas, para a contrainteligência militar.

Leonardo da Vinci traduzido no Brasil: história e apresentação de novas traduções (ufsc.br)

History of Information

 

A perspectiva histórica ocidental é confusa, por efeito da igreja católica e toda a censura da inquisição, quando se olha o aparente vazio de ideias que é o período da ‘’idade das trevas’’. Quando o pensar científico se mistura com um ideário político/ideológico/moral o resultado é sempre confuso. Na atualidade duas ciências são vítimas disso: Biologia (com os vários sinônimos de “design inteligente”) e economia em relação ao papel do estado. Pelo modo como a ciência econômica, refletiu o cenário político do seu entorno, se convencionou esquecer a distinção entre dinheiro(PIB) e valor.

Pra além de todo ideário marxista, essa distinção tem efeito mais práticos quando se começa a pensar em como o valor produzido dentro de uma cultura se traduz em outra, pela própria natureza instável dos mercados de forex e agora com bitcoin/crypto(geral), talvez o esquecimento desse detalhe comece a pesar no futuro.

É vazio de sentido querer comparar o desenvolvimento dos mercados financeiros no Brasil com os EUA, na medida que o Brasil não parte da mesma origem cultural dos EUA. E o próprio elemento feudal, que aqui se chamou coronelismo, dá tons muito peculiares ao que seria um capitalismo brasileiro. E no que tange a essa discusão a formação de uma elite intelectual americana ocorre de modo mais acelerado que no Brasil(por que?renda excedente, é uma linha, a própria maturidade do ecossistema academico e de societies Inglês do periodo,é outra).

O que eu tento construir é uma perspectiva que reflita a materialização de ideias, em valor econômico. Um pouco nos termos de valor marxistas, mas tentando extrapolar isso com o ferramental mais prático do que hoje se chama complexidade econômica.

O valor é gerado no processo fabril? Marx e Engels olham para a revolução industrial inglesa, pra eles tudo ali era processo fabril, mas as teorias econômicas de desenvolvimento do mainstream atual emergem em meio ao complexo militar industrial, cidades e centros de pesquisa, que não existem oficialmente (The US Government's Secret Airline - YouTube)...pra essa teoria americana do desenvolvimento, tudo é setor de pesquisa cientifica. 

Historicamente são os mais próximos da contemporaneidade analisando desenvolvimento.

Na Europa o pensar humano se constrói de modo disperso entre línguas diversas e depois é traduzido ao latim com uma fidelidade questionável (já que existia a censura do vaticano), mas nos primeiros momentos é centrado numa elite intelectual de clérigos.

Esse lance da figura religiosa é elemento interessante, porque para além do aspecto religioso o “padre” era uma figura com tempo, dinheiro e estrutura para se dedicar aos próprios estudos...ou seja uma estrutura que oferece o mínimo para o desenvolvimento pessoal do indivíduo. Na antiguidade as pessoas encontravam posições sociais similares através de trabalhos na máquina pública, ou no mecenato. Ponto interessante é que o aparato de pesquisa da OSRD (Office os Scientific research and development), cria esse cenário só que de modo extremamente orientado a inteligência militar e métodos para otimização da guerra: resultando nessa máquina de guerra que o DoD é hoje.

Olhando para China, o próprio acesso a leitura, na antiguidade reflete alguém que estava envolvido na administração pública. Já que as falas do imperador precisavam ser registradas, para viajarem o império, no mais a própria administração pública requer o registro para conseguir funcionar.

Scribes in Early Imperial China (escholarship.org)

Uma curiosidade é que o DoD é tão eficiente hoje, que qualquer guerra em que esse operacional ingresse por essência do termo, será uma guerra assimétrica.  Só imaginar um dogfight entre um drone controlado remotamente via satélite e um caça com piloto a bordo.

Why Demand or Armed-Drones Is Surging - YouTube

Uma vantagem é que o modelo do DoD foi extremamente eficiente em produzir pesquisa aplicada que se traduziam empresas, já que o funding das pesquisas se alinhava com as necessidades do campo de batalha. Isso alinhado com a tradição trader/mercantil que dominava Nova Amsterdam/York gerou um cenário com pesquisa financiada pelo governo e a conversão desse valor criado em liquidez através dos mercados financeiros de Nova York.

O valor se cria na pesquisa e se realiza no mercado, quando ganha a convertibilidade em liquidez.

Na Europa (Latim) o pensar técnico científico gera uma tradição hedonista, refletida nas ideias de a arte pela arte. Mas chega também no Jeremy Bentham , já numa perspectiva anglosaxã, que vai depois vai virar a microeconomia.

Perceba que nesse processo (do DoD) o estado direciona recursos para a solução de problemas, então quando a solução ocorre no privado, a origem dos recursos se perde na propaganda capitalista que é dominante no debate público americano até os anos 2000.  [The Manchurian Candidate, (1962)] 

O The Manchurian Candidate dá uma perspectiva, sobre porque a sociedade americana é até hoje sucetivel a teorias da conspiração.

No mais, não tenho grande conclusão, acho que minha ideia é destacar essa geração de valor no desenvolvimento de ideias.

Possível dedução bem incerta: Assim como a parceria Estado-Chaebols gera uma superação da renda média na Coréia do Sul, há boas chances de que com um mundo mais centrado na China, isso logo vá se reproduzir na DPRK e talvez em Cuba. É tudo uma questão de analisar as estruturas de geração de valor/ideias nessas sociedades e a capacidade que elas teriam de realizar esse valor. A China tem sido bem ativa em coordenar esse processo de geração e realização do valor na sociedade, mas o nível real é bem incerto, assim como o estado das estruturas de geração de valor em DPRK e Cuba.

North Korea and the 'third world' - NKNews Podcast Ep. 179 | NK News - North Korea News

Conclusão razoável: na medida em que o Brasil já está bem atrasado, o quadro é confuso. No militarismo brasileiro, se atribuiu essa "geração de valor" à indústria, não acho que isso faça muito sentido no mundo de hoje. O próprio modelo sul-coreano concentra os centros de pesquisa e exporta as fábricas.

 (Uma curiosidade sobre Coréia e o operativo de inteligência da DPRK é que para um se passar pelo outro é relativamente fácil. Mas sigo na linha que o core de DPRK em intel é arrecadar moeda forte)

Até algum tempo atrás, o Brasil já era renda média, então apesar do declínio recente, talvez o ponto brasileiro seja mais superar a renda média do que atingi-la,caso onde modelo industrial que domina o mindset da discussão econômica no Brasil seria o ideal. 

Uma busca indústrial só faria sentido para brasil, num novo mercado ou algo muito especifico com barreira de entrada, como indústria quimíca (pensando que as batérias de Lítio da Samsung, ainda são fabricadas na Coréia; talvez pra preservação de tecnológia fábril, e gerando trabalhos de colarinho azul).

Em suma indústrialização não deve depender de protecionismo generalizado, mas de desenvolvimento tecnico-cientifico, que em si é uma proteção natural. Isso implica um risco de espionagem indústrial, para o qual o estado deve estar preparado. 

How a stolen capacitor formula ended up costing Dell $300m | Dell | The Guardian

De qualquer modo a manutenção de planta fabril, é sempre uma discussão politíca, antes de econômica. Mas o contexto de proteção de propriedade intelectual em processo fábril, acaba sendo um argumento econômico.

Um comentário adicional

O primeiro a chegar na fronteira tecnológica, não tem a preocupação com eficiência, em contratos com o governo, ou com os Sforza (no caso Italiano) a margem de lucro é suficiente para que inexista a preocupação com eficiência. Por tabela a produtividade é naturalmente maior, quanto mais perto da fronteira voce(nação) esteja.


12 abril 2021

Serviços de inteligência, controle de narrativa e a Lava Jato

 


Uma coisa interessante sobre economia, é que não é incomum que aquilo que se convêm chamar de “livre mercado” seja na verdade uma dimensão muito específica de uma operação de inteligência de escala maior. Isso pode ser desde um projeto de pesquisa sendo financiado por algo como o Human Ecology Fund (uma fachada da CIA na Guerra fria) , ou o Kaiser-​Wilhelm-Institute – KWI (que suportou o Mengele em algumas pesquisas mais assustadoras do período, e era talvez uma fachada da SS). 

Aparentemente é financiamento privado de pesquisa mas ainda hoje num pós-guerra fria quando o uso de fachadas diminuiu, o financiamento privado por vezes na verdade é um contractor de algum governo. Na medida em que financiar desenvolvimento tecnológico sem governo,é meio fora da realidade, até o Starlink (relativamente autonomo de governo) se beneficia de tecnológia desenvolvida no contexto do DoD. 

Skeletons in the Closet of German Science | Germany| News and in-depth reporting from Berlin and beyond | DW | 18.05.2005

Unwitting CIA Anthropologist Collaborators: MK-Ultra, Human Ecology, and Buying a Piece of Anthropology | Cold War Anthropology: The CIA, the Pentagon, and the Growth of Dual Use Anthropology | Books Gateway | Duke University Press (dukeupress.edu)

Interessante é que nos dois casos  de financiamento de pesquisa, e em muitos outros as conexões são tão indiretas entre a estratégia nacional maior, e a ponta final; que as pessoas envolvidas costumam sequer ter ciência do que de fato está acontecendo, e qual sua função na engrenagem maior da qual fazem parte. Ou no mínimo não tem ciência do racional do por trás do que estão fazendo, e isso se traduz com o tempo em relatos confusos tipo o do John Perkins em “Economic Hitman”, sendo justo, tem algum tempo que li o livro – então é bem por alto. No livro ele se descreve como um consultor envolvido com projetos de construção pelo oriente médio, toda a narrativa é bem intricada, talvez uma consequência de um trabalho em que o cara cumpre missões, sem saber exatamente os “porquês”.

No geral a narrativa do Perkins gira em torno de contratos com construtoras americanas via embaixada no oriente médio...enfim é bem parecido com o que se tenta atribuir ao One Belt, one road hoje em dia.

E esse tipo de personagem, com histórias intricadas e meio surreais, é uma figura relativamente comum quando você começa a pesquisar sobre estruturas de inteligência e a operacionalização de estratégias de inteligência.  

Talvez  seja daí que venha muito do que é o imaginário em tornos das agências de inteligência hoje em dia.

Na sequencia uma perspectiva inicial sobre os pontos que o Le monde trouxe ao debate recentemente, colocando Lava Jato como peça em uma estratégia maior remontando aos tempos do Dick Cheney na Casa Branca.

"De um lado tem um set de interesses bem estruturados...do outro um idealismo perdido do judiciário BR, que acaba sendo instrumentalizado num vazio de coordenação da inteligência local...

Aliás a operacionalização de Inteligência no Brasil é historicamente  problemática, já que por tradição ela se limita a olhar para questões internas, e agrega pouco ou nenhum valor num contexto internacional.

Na prática é como se serviços desde o SNI até a atual ABIN tenham sido muito bons numa dinâmica de FBI (inteligência interna), mas por aqui nunca houve nada de Intel externa como a CIA.

Nesse modelo essas estruturas locais acabam lidando com problemas parecidos  aos de suas equivalentes americanas, o próprio FBI tem uma história conturbada em relação a perseguição de 'comunistas' dentro dos EUA, no mesmo período que o SNI implantava uma estratégia parecida no Brasil.

Mas pela propria dinâmica das estruturas de Intel americanas isso acaba contrabalanceado por uma defesa dos interesses nacionais vindas da CIA e do DoD( que em termos Intel tem alguma independência).

Nessa discussão da Le monde, tem muita coisa que é do jogo, mas pela inexistência de estruturas de intel o Brasil não soube se proteger...daí procuradores cheios de boa vontade, e na busca por um greencard/F1 são instrumentalizados para destruir a Odebrecht que em seu pico foi um maiores empregadores do Brasil...é tipo destruir a Boeing/Teledyne/Raytheon.... por fazer lobby.

O Brasil deveria ter o operacionalizado o Itamaraty para Intel externa, enquanto a ABIN...não se sabe para que serve, mas ao que tudo indica poderia ser internalizada na PF sem maiores prejuízos.

Poderia numa operação de contra inteligência relativamente simples ter contornado muitos dos problemas que a Lava Jato gerou e até mais recentemente ter evitado muitos fiascos gratuitos aos quais esse governo tem se exposto.

Intel interna e externa, são apenas algumas dimensões nas quais o Brasil é carente, um dos maiores problemas mesmo é o total vazio que ocorre quando se fala em cyber.

Por outro lado  pelas falas do generalato contextualizadas pelos currículos da ESG/ECEME, que parecem presos na década de 60, é difícil ver um quadro de mudança. 

A Marinha e a Fab tem um perfil mais técnico (parte da formação acontece em instituições civis), mas por hora carecem de direcionamento...interessante que alguns quadros até já possuem o background técnico que seria necessário, mas não encontram espaço dentro das forças.

 

“Lava Jato”, the Brazilian trap (lemonde.fr)


   Originalmente no Facebook Daniel Rodrigues Parente | Facebook "

Conforme menciono no post do FB as estruturas de inteligência, historicamente tem cumprido um papel confuso no Brasil. Mas se você olhar as questões internas dos EUA nas décadas de 40- 60, que envolvem desde perseguição de jornalistas e cineastas (na terra do tio Sam Disney Link To the F.B.I. And Hoover Is Disclosed - The New York Times (nytimes.com)), começa a ficar claro que direta ou indiretamente por aqui o exército importou um problema que talvez nem existisse (o foco não é se existia ou não, mas como o golpe de 64 se encaixava na estratégia global americana do período e refletia questões internas dos EUA) , mas no final das contas a manutenção do factoide e o fato do Brasil não ser mais um foco de preocupação para os EUA na década de 60...era interessante pra embaixada e pra estratégia global e até interna dos EUA em vigor naquele período [o texto sobre o W Disney dá uma boa visão sobre a dinâmica interna do FBI nos EUA]

Em geral tanto a esquerda quanto a direita brasileira, cinicamente ignoram a confusão global que era o mundo em 1964, e como o Brasil era peça secundária.

É interessante olhar brief presidencial americano, pra contextualizar o quadro global do momento.

Até pra contextualizar como a discussão da Guerra Fria aparecia na politica interna americana daquele período, e o Golpe no Brasil dividia espaço com a guerra do Vietnã em termos de atenção politica e midiática. Fora que era ano de eleição.

CENTRAL INTELLIGENCE BULLETIN | CIA FOIA (foia.cia.gov) para 1 de abril 1964
CENTRAL INTELLIGENCE BULLETIN | CIA FOIA (foia.cia.gov) para 2 de abril 1964
 
Nessas idas e vindas, o que quero estabelecer é que até recentemente muito da execução da estratégia de inteligência era em alguma medida se esconder jogando o enfoque em questões mais secundárias, do tipo se “existia ou não uma ameaça comunista no Brasil em 1964?”.. quando na verdade o que importava era o neutralizar o risco local, para focar na estratégia global e em alguma medida gerar conteúdo pra propaganda politica interna nos EUA.

Até que ponto a construção desse argumento tem origem autonoma no SNI, na embaixada ou propria mídia local no periodo? Carece de uma contextualização histórica, mas o Jango já vinha enfraquecido politicamente.

Com isso em mente dá até pra começar a visualizar, que o problema ai é mais uma questão de que na época os militares brasileiros assumiram que “sim existia uma ameaça local”, não por de fato haver uma ameaça, mas sim pelo que eles ganhariam seja na forma de poder, projeção midiática...e sendo militares pelo hype em torno da interação com a inteligência americana. Não importa o que é verdade, mas o que a narrativa que eles assumiam lhes dava. 


Essa dimensão mais humana por trás dos grandes eventos é interessante, porque até hoje essa disposição pra cooperar tem um papel importante no aliciamento de ativos pelas agências de intel (principalmente americanas[ palestra acima dá uma boa perspectiva]) Policing the Past: The CIAand the Landscape of Secrecy - Richard Aldrich - YouTube...

Transitando um pouco entre passado e passado recente, pra por em perspectiva até que ponto houve intel externa na lava jato.

Enfim o caso da Lava Jato descrito pela Le Monde é interessante porque você tem um judiciário que idealiza o sistema americano, com isso uma disposição pra cooperar, fruto de um soft power quase natural.

Em última instância qualquer impressão positiva, é soft power, isso gera uma abertura com efeitos econômicos interessantes. Seja na sua disposição de pagar para estudar nos EUA, - e pelo sistema de vistos atual, isso é pura transferência de renda de qualquer país para os EUA -  ou mesmo quando um país se alinha a outro por uma afinidade cultural, que não faz sentido economicamente.

Hoje é interessante  falar disso porque você viu o brasil, perseguindo um alinhamento econômico com os EUA, que girava em torno de um alinhamento cultural "soft power" (todo mundo viu os mesmos filmes, estudou nas mesmas universidades), mas no final das contas apesar de toda a tradição canavieira do interior paulista o Brasil ia acabar importando etanol americano feito à base de milho.Brasil renova tarifa zero para importar 187,5 milhões de litros de etanol dos EUA até dezembro | Política | G1 (globo.com)

Fala-se bastante em soft power, mas não existe uma preocupação clara em definir soft power, quanto ele rende ou mesmo quanto ele custa. 

Quanto o brand de Brasil perdeu em valor, e quanto a Coréia do Sul ganhou nos últimos anos? Essa comparação é interessante porque a produção e exportação de novelas [ e cultura de modo geral] é ponto importante nos dois países,mas isso tem se desenvolvido de modo mais eficiente no modelo de novelas curtas Sul coreano, que formou uma indústria e se profissionalizou [no Brasil tem a Globo e quase nada fora dela].

De modo geral, até para retomar o ponto principal: a inexistência de uma estratégia de inteligência externa custou caro para o Brasil, basta pensar que no seu pico todas as construtoras arrasadas pela lava jato figuravam facilmente nos maiores empregadores do país. E, bom, ainda que em alguma medida seja legítima a contenção de corrupção, faltou ao Brasil uma operação de contra-inteligência externa que conseguisse colocar em perspectiva até que ponto essa caça aos corruptos não estava sendo usada numa estratégia maior.

Chinese Methods for Industrial Espionage - YouTube Nessa questão da estratégia maior tem uma perspectiva do operacional disso no contexto da China a partir de 13m até 30m.

Essa questão de China é interessante porque a operação de Intel desde o fundamento,na diretiva do partido, tem foco na geração de valor economico, mas quando vocé olha falas de operativos do UK/US o foco é em defesa e segurança nacional e a dimensão de geração de empregos só aparece quando discussão chega ao congresso, com o lobby em torno das fábricas e de empregos. Enfim são diferentes modos de pensar o uso de intel.

A panel on espionage - The New Yorker Festival - YouTube Chamaria atenção pras falas da Stella( ex diretora do MI5)que reflete essa questão de segurança nacional, e UK é um arcabouço regulatório mais replicavel. 

Pensando num possivel desenvolvimento no Brasil o modelo de intel Chines com foco economico faria mais sentido por aqui.

No caso americano ,por eles já controlarem o sistema financeiro ( ver a sanção que o DoJ aplicaria na Odebrecht (conforme texto da Le Monde) , e vem aplicando em executivos chineses) isso dá margem para as estruturas tradicionais de intel ignorarem essa dimensão, já que o próprio DoJ tem capacidade de executar isso

 How Donald Trump has targeted Chinese companies with executive orders, sanctions | South China Morning Post (scmp.com) - Descreve as sanções à empresas chinesas sob Trump. o Biden tem focando o uso das sanções em indivíduos (caso da Carrie Lam Cheng Yuet-ngor citado nesse texto), geralmente diretores dessas mesmas empresas (o que em temos de discurso, é mais administravel do que a perseguição estrita que o Trump vinha tocando).

Os países precisam de estruturas que lhes permitam entender por que as dinâmicas globais estão se desenvolvendo de determinado modo, quais os sets de interesses envolvidos, até para que possam direcionar as discussões num sentido que lhes seja favorável. E históricamente a inteligência externa tem atuado nesses gaps.

É fácil hoje para o Brasil e para França (afinal o Sarkozy também tá preso hoje em dia[acho que por uns motivos mais aleatórios]) quererem buscar um inimigo externo, mas tem muita coisa no texto da Le Monde que é natural ao jogo político entre nações, mas para as quais o Brasil não estava preparado, afinal pra além da questão quanto a se existia ou não uma coordenação de intel externa no desenrolar da Lava Jato... o fato é que a estratégia só avançou porque encontrou espaço numa galera mais jovem do judiciário, e ao que parece não tinha ninguém pra colocar isso na perspectiva de que os EUA vinha numa estratégia maior de guerra ao terror, e proteção as empresas americanas desde 2001 e do governo Bush/Cheney.


Ponto interessante que a Le Monde deixa de fora, que talvez tenha tido um peso importante é a relação que o Lula vinha desenvolvendo com o Ahmadinejad em 2009. Pelo curso que a história tomou de lá pra cá, talvez o peso dessa interação tenha sido maior do que a se poderia mensurar na época. Fica um questionamento se GSI/ABIN/ITAMARATY tinham alguma estratégia nessa relação naquela época?

Lula recebe Ahmadinejad em meio a polêmica - BBC News Brasil 

Com mais detalhes do governo Bush/Cheney se tornando públicos nos últimos anos, fica claro que pelo background de DoD-Halliburton o Cheney era bem ativo na operacionalização de intel nesse periodo, com o foco em oriente médio.

 

Por mais que eu adore Night Train to Munich(1940), The Ambassador(Morris West)... uma parte importante do trabalho de intel hoje é o controle da narrativa de modo a gerar esses efeitos soft power, seja a CIA negociando com editor de revista como vai ser a cobertura dada ao Venture Capital deles (In-q-tel) Gilman Louie: In-Q-Tel andFunding Startups for the Government - YouTube, ou ainda  promovendo discussões internas em relação a como eles aparecem em hollywood e decidindo assumir uma posição mais cooperativa[Palestra no primeiro video], essas são hoje as faces mais visiveis ( e razoavelmente bem aceitas) das operações de intel, em contraponto ao modelo mais 007. [o controle da narrativa]

Em outros termos:é mais Vice (2018) que qualquer 007. Em termos de conduzir o debate e a narrativa de modo mais palatável. 

É claro que as interações CIA-Mossad para coordenar eventos no Iran ainda estão aí, mas sobre essas ninguém fala publicamente. 

IranianNuclear Scientist Mohsen Fakhrizadeh Killed By 'Terrorists,' Iran Says : NPR

Qasem Soleimani: US kills top Iranian general in Baghdad air strike - BBC News

De modo geral o problema do Brasil não é a interferência americana, mas sim o fato do Brasil não estar preparado para lidar com essa interferência.

Em outras palavras, num exemplo mais direto, por quê e como  o DoD consegue defender publicamente um contrato de defesa que é irracional (Nuclear disarmers can’t forget the communities that rely on military spending - Bulletin of the Atomic Scientists (thebulletin.org)) enquanto aqui no Brasil... 

o que resta da indústria de defesa emprega muito pouca gente (o que resta da Odebrecht Defesa – Atual SIATT – emprega por volta de 100 pessoas...em EUA qualquer contractor médio deve gerar pelo menos uns 10mil empregos) 

 ...quando isso chega no debate público tudo caminha para conservadorismo fiscal?! Bom, muito disso passa pelo controle da narrativa no debate público, que no caso brasileiro do exemplo inexiste , mas o pessoal da Lava Jato soube usar isso.

SIATT na TV Vanguarda - YouTube

Defense Primer: Department of Defense Contractors (fas.org) 

O UK em termos de proporção ainda é um pouco menor,em relação ao US mas esse relatório dá uma perspectiva interessante do setor por lá. E é mas fácil achar dados consolidados por lá

Defence and Security Industrial Strategy (publishing.service.gov.uk) 

Essa estrutura dos contractors, é interessante porque mesmo extrapolando o DoD (algumas mais especificas acabam sobre outros departamentos como o DoJ) umas boas parcelas do budget dos serviços de Inteligência, por baixo uns 30% acaba em intel outsourcing logo acaba sendo mais verba do budget para defesa/complexo industrial militar por fora do DoD.

(1) Are the CIA, DIA, NSA, etc. under the Department of Defense, or under some non-military governmental agency? - Quora

 

Home (intel.gov) --Hub Oficial

 

Ainda no âmbito de direcionar as discussões globais num sentido que seja favorável ao Brasil, dependendo de como a dinâmica EUA/China caminhar nos próximos anos é interessante que o Brasil esteja preparado para lidar com interferências externas, e mesmo tirar vantagem das dinâmicas confusas que emergem nesses desequilíbrios globais, e aqui a Suíça talvez seja o caso mais clássico de ter sabido se posicionar em momentos de confusão global, pra conseguir capturar algum upside...turns out that being neutral was a good business back then, mas o Brasil vai precisar de estruturas de intel pra conseguir entender o que tá acontecendo e capturar algum gain nas dinâmicas globais.


Por fim deixo essa conversa, que mesmo não diretamente ligada a intel, passa um pouco pelas discussões que rodeiam o tema. E fala um pouco de como essa dimensão de intel é importante para uma estratégia nacional, até pelo progresso gerado pela competição entre países.  Em outra dimensão dá pra ver um pouco da militarização do espaço  que está em curso atualmente, tanto em China quanto em EUA.

23 março 2021

Racionalizando a conta em USD

Um ponto pra se pensar a respeito de um sistema de conta em Dólar é que o muito da arbitragem hoje é mais em termos de...

Posted by Daniel Rodrigues Parente on Tuesday, March 23, 2021

Crise econômica, como sair | Grupo Aço Cearense | Valor Econômico (globo.com)   - Eu gosto de como ele encara o ganho de renda das classes populares,  enfim a operação dele depende do USD, mas é uma visão interessante. E de modo geral vai um pouco além do quanto pior melhor no câmbio, que domina o debate. E é um texto antigo já.


23º Encontro FnP - Investimentos Alternativos (Pátria e private equity) Lá pelas tantas (52min e 57m) ele aborda brevemente o planejamento da saída em investimentos de longo prazo, e como o câmbio pesa no planejamento, e na demanda por rentabilidade. 

O modelo de lavagem do exemplo é até sofisticado, porque diferente do usual que é uma operação puramente financeira onde o dinheiro viaja entre contas de diferentes empresas de fachada em diferentes jurisdições, nesse exemplo a linha entre o que é um empreendimento real,  e uma operação de lavagem de dinheiro é bem tênue e diferentes partes da operacionalização se concentram em diferentes jurisdições. Então é bem difícil construir um caso, já que exige uma cooperação internacional que pode não ser interessante para algum dos países envolvidos, dependendo do tamanho do esquema.

No mais, eu assumo que um modelo restritivo a posse de moeda estrangeira, leva capital local para outras jurisdições. As vezes em canais oficiais, e regulamentaod, e também por canais extraoficiais que podem ser mais baratos, ou menos burocráticos.

50bi de Motivos para repensar o Brasil Também é de se considerar, em que medida as elites locais estão fugindo de imposto ou se protegendo de perda câmbial(parece dominante no caso brasileiro [até porque o dinheiro costuma acabar nos EUA,ou coisa do tipo, mesmo com jurisdições fiscais mais favoráveis]).

The paradox of banknotes: understanding the demand for cash beyond transactional use Em relação a operacionalização de uma moeda de reserva, isso gera certas distorções e dá certas vantagens que começaram a ganhar destaque com a discussão de MMT,é um ponto que preciso desenvolver melhor ainda, mas a ideia é que como todos são demandantes de USD o FED - e cada vez mais o ECB - controlam uma ilha que abarca o mundo inteiro. Vai ser interessante ver em que nível, e como a liquidez dos estimulos atuais vai transbordar pelo mundo. O texto olha pra uma dessas dinãmicas, quando o nível de papel moeda nao afeta o nível de transação.(Lembrando que papel moeda é dinheiro anõnimo, evade sanções, e pode dar duas voltas ao mundo antes de ingressar no sistema financeiro que pede id e compliance com regulação americana).


Bom, sigo na minha quest em torno do euro-dollar, até para justificar a dinãmica de depósitos e empréstimos entre moedas(na imagem THE EURO-DOLLAR MARKET: AN INTERPRETATION - ALEXANDER K. SWOBODA) . Na média é bem gray area, nesse texto do IMF The Euro-Dollar Deposit Multiplier: A Portfolio Approach : IMF Staff papers : Volume 21 No. 2: na revisão de literatura/introdução o espectro amplo de multiplicadores (1.5-18) encontrados dá um horizonte do nível de incertezas. Diferentes bancos, diferentes estratégias e pouca/nenhuma regulação resultam num mix interessante.


03 março 2021

Finanças de bilionário, divida pública e politica fiscal


Um dos argumentos mais frequentes no discurso dos conservadores econômicos, em política fiscal, que é repetido de forma cega é a ideia de que em algum momento as contas precisam fechar. Tal qual nas finanças domésticas. A bem verdade, o atual quadro da dívida mundial é a prova cabal de que as contas sequer devem fechar.

Toda a dinâmica do sistema atual é baseada no lastro em dívida pública, alguns mais ousados falariam em dívida AAA, mas sendo objetivo a LVMH não imprime moeda. Esticando esse argumento é possível que em algum momento, isso volte a causar conflitos na zona do Euro (não na Europa).

Quando pensamos em dívida pública geralmente o mindset é pensar em “porque deu errado para alguns países?”, porém é mais interessante pensar o porquê de alguns mercados terem dado tão mais certos do que outros?

Esse argumento ainda está em construção, e possivelmente será atualizado.

No mundo moderno é fator comum para esses países, que deram muito certo, que em algum momento eles tenham lidado com algum influxo de valor muito forte, oriundo do exterior. Em termos de história recente Iceland é um caso particularmente interessante, até porque em comum com outros países da minha análise ele tem o controle sobre a própria moeda, mas permite conta em dólar. 

Update:(Ponto no paragráfo anterior: Primeiro ponto - O impacto do Influxo na entrada)

 Outro momento importante para se analisar, é a formação do mercado de eurodólar no UK das décadas de 50-60. Onde existe todo um influxo de moeda externa para o UK, que entre outros objetivos, acaba resultando num enfraquecimento da libra. No contexto desse mercado, você ainda tem a dinâmica desse dinheiro se mover rapidamente pelo mundo.

Update: Lendo o Eizing(Paul), London tenta assegurar sua posiçao como centro financeiro (quando o dolar vira o mainstream financeiro) , isolando a libra mas assegurando o papel dos bancos Londrinos nas finanças internacionais.

Update2: Com o desenrolar do Brexit , "It's happening again" como trade de ações já não é a anos o carro chefe de Londres,a ideia agora é preservar preservar os futuros de commodities Ministers plan overhaul of capital market rules to boost City | Financial Times (ft.com) Em termos de commodities e pauta de exportação muito se fala em China/EUA, porém nesse aspecto para o Brasil os Países Baixos também são um parceiro importante, e com o Brexit Amsterdam vinha crescendo.

Dois países, que eu ainda estou revisando a literatura (em estágio inicial), são Suíça e Japão. Na Suiça, o influxo de valor estrangeiro é histórico, e se confunde com toda a dinâmica de dinheiro antigo europeu.  

O Japão é caso mais recente, mas pelo modo como ele foi uma potência local em um período que a economia da região esteve bem quebrada, isso aliado a introdução do sistema bancário americano na região, deve ter gerado algum influxo dos países da região (carece de verificação). Em comum essas duas moedas (JPY e CHF) são peças importantes no modo como o mercado de FX se estrutura hoje (O dolar é majoritário, mas estes são pares relevantes), para além disso o JP é exemplo claro de dívida impagável.

Update:Pro JP principalmente, o peso do softpower na relação com os EUA garante um influxo rumo a bolsa local. 

Olhando para o caso, em que atualmente eu estou mais adiantado em literatura que é o UK, com o tempo esse capital se moveu para Tax Havens britânicos (Jersey, Ilhas Cayman...) e a Icelando estatizou a parte mais local do sistema financeiro ( isso quando depois de 2008 o fluxo de saída causou problemas no sistema financeiro local).

Update:( Ponto no paragráfo anterior: O que aconte após o influxo)  

Nesse contexto o quadro europeu é interessante, porque alguns países conseguem desenvolver credibilidade para servirem como reserva de valor (em sua moeda ou no dolar) e esses se mantém com suas moedas, outros que falham em desenvolver essa credibilidade passam a integrar o sistema franco-germano do euro. Tem a Itália também mas como, meu foco principal é tax haven, o Vaticano e seu banco são uma estrutura mais difícil de analisar, pra além disso a Itália falha nessa construção de credibilidade.

Update:( Clarificando o paragráfo anterior: se o país falha na construçao de credibilidade própria abrir mão da própria moeda pode oferecer ganhos).

O Banco do Vaticano é uma dinâmica mais histórica que atual (ao menos aparentemente).



Esse é um ponto, interessante para entender o estado das finanças globais na atualidade, é bem difícil achar alguma Fortune 500, que não tenha subsidiária em alguma dessas jurisdições ou em Delaware, e demais equivalentes americanos. (Paragráfo se refere a citação na imagem)

E esses tax havens, precisam da exposiçao ao sistema de leis de suas ''mainlands'', até pra ter credibilidade que serve como uma layer de proteção em caso de litigio. 

Update:( Clarificando o paragráfo anterior: a ideia é que os sistemas financeiros de tax havens tem limites sistêmicos no que se refere a ser autonômo).

Vou deixar, isso em aberto por agora pra retomar o ponto principal, até porque em termos de avanços de pesquisa (de tax haven) é por aqui que estou.

Boa parte do capital mundial, reservas financeiras estão baseadas/passam por esses lugares (tax havens) em direção as taxas de juros mais interessantes. Se você lembrar que os principais fundos de investimento, em termos de tamanho são os fundos de pensão, não é interessante para ninguém que grandes economias tenham dívidas saneadas. Com os juros nos níveis atuais a situação já é suficientemente complicada.

Quando você olha para uma dinâmica de dívida é melhor pensar nas finanças de um bilionário. O Zuckerberg cria uma empresa de 700bi USD, mantém a posse de 10% (valor hipotético, porque não é relevante para o exemplo), e usa esses 70bi como colateral para ter acesso a empréstimo barato, para as despesas cotidianas (se ele fosse de fato vender as ações, ele teria que abrir mão das Golden Share dele). Digamos que desses 70bi ele consiga, em uma análise de risco, transformar num empréstimo 10%, até porque ações oscilam então nunca será 1 para 1.

Se a ação de Facebook continuar subindo, dependendo da taxa de juros, que é ínfima ainda mais atualmente ele pode refinanciar esse empréstimo basicamente ao infinito e além. Similar a dinâmica de mercado imobiliário americano que estoura em 2008, porém como o risco desses caras quebrarem é quase nulo, essa bolha não estoura (a não ser que o cara seja russo e desenvolva uma inimizade com o Putin, nesse caso um banqueiro que provavelmente é Suiço ou Londrino com operações no Cyprus vai ter um problema). 

Para além disso é difícil ver um cara como o Zuckerberg gastando mais de 300mi USD/ano, como pessoa física o. A não ser que ele que ele queira comprar um Yacth, daí provavelmente teríamos uma rebelião de acionistas, mas para esse perfil de networth boa parte dos gastos a empresa paga. Pensando por esse lado, fica fácil entender por que a Cargill não é pública até hoje, assim como boa parte do Agro Brasileiro.

Update: Tem toda uma discussao histórica sobre o que a empresa paga,e o que é gasto pessoal. Principalmente no que se refere ao uso de jatos corporativos. Essa discussão esfriou, mas de vez em quando reaparece. Nesse ponto é interessante pensar na história do BBJ da Boeing, que alguns dizem teria sido um pedido de diretores da GE.

Quando trazemos essa análise para a dívida pública, a gente volta na dinâmica tradicional de que pouco importa o valor da dívida pública, o que importa é a relação dívida/PIB se o PIB cresce, e o quadro de credibilidade permite você manter essa taxa de juros equilibrada junto com o câmbio, a conta de déficit não precisa fechar.

O PIB deve ser o foco da discussao, e em nossa analógia é o valor da ação de FB.

Ponto importante e particular da dívida pública é que ela deve ser interessante mesmo depois que as consequências do mercado de FX entram em cena, do contrário o país fica refém de emitir dívida em moeda estrangeira, e no caso brasileiro a porta do FX é bem mais estreita do que o BC brasileiro parece conseguir perceber, até porque o BRL tá longe de ser um par popular nesse mercado que é coisa de 6tri USD/dia. Fora que toda a liquidez do BRL tá concentrada na B3, então qualquer market maker fica com pouco espaço pra arbitrar e estabilizar fora do contexto de B3, e esse é (no caso brasileiro deveria ser) um mercado descentralizado.

Update: Esse argumento mais macro é bem livro texto, com a sistemática operacional de BC do Some unpleasant monetarist arithmetic, nem olhando tanto pras conclusoes. Mas na real o Fx é uma peça que faz falta ali, o que faz sentido já que não eh um problema numa perspectiva de FED, apesar que nessas ameaças de inflation GBP e CHF tem reações interessantes frente ao USD.

No mais, se uns conspiradores da inflação fazendo selloff de treasury já fizeram um barulho nos últimos dias, imagina se a China resolve acompanhar; é do deficit público que vem boa parte da integração global atual. (aliás Assistam Hamilton). 




Enfim, isso acabou sendo ideias jogadas ao vento, mas é um pouco do que ando pesquisando e lendo.

Alguns links pra fundamentar, a maioria já tá no r/cecia , de resto vou atualizando aos poucos:

Several observations on capital flows in Japan - BIS papers No 15, part 9, April 2003

The Origins of the Eurodollar Market in London: 1955–1963 - ScienceDirect

The City of London: Geopolitical Issues Surrounding the World’s Leading Financial Center | Cairn International Edition (cairn-int.info)

The Overleveraged Economy of Iceland

Foreigners cut holdings of Brazilian public debt to lowest since 2009 | Reuters

UPDATE 1-LVMH set to raise $10 bln-plus from bond markets for Tiffany deal | Reuters (Yeld negativo)

__Pontos para reflexão:

  • A capacidade desses influxos de capital externo, impactarem no multiplicador monetário/bancário mesmo sendo em moeda estrangeira. Isso na medica em que essa criacao de moeda corre por fora do BC.
  • Na perpectiva progressista (econômica), existe(no BR) um cinismo em relação ao câmbio que através do silêncio dá respaldo a esse descontrole visto nos últimos tempos. Para além  do tradeoff juros-câmbio, o discurso parece mais centrado num ideário de  indústrialização distante da realidade,na medida em que o processo fábril vai caminhando na direção da commoditização e/ou da automação.

20 janeiro 2021

Reflexões sobre os trabalhos de colarinho azul, na era da automação e do pós-fronteiras

Eu parto do trecho Global poverty & open borders (5m50s)  de uma entrevista de 2015  que o Bernie deu pra Vox, no youtube o titulo é "Bernie Sanders: The Vox Conversation", pra construir algumas ideias sobre o futuro dos trabalhos de colarinho azul fronteiras e uma integração econômico-social que vai além de fronteiras politícas.


Aqui o vídeo já começa no minuto exato da pergunta em que esse argumento se desenvolve, de qualquer modo considerando o peso de figuras como a AOC em 2020, é valido entender de onde os próximos quatro anos estão partindo.

11 setembro 2019

Brasil VS EUA: Passado e futuro


Depois de 2017 a apatia em relação ao mundo tornou-se o caminho mais viável, no que se refere a se manter são no meio de toda essa histeria coletiva em que o mundo vai mergulhando. As pessoas se esqueceram de si e abraçaram cegamente ideias vazias. Na cena política a racionalidade saí de cena e dá espaço a voz do povo, e quando penso nisso me lembro do John Oliver nesse segmento.(Em especial os 3 primeiros minutos)




Aqui no Brasil abraçamos uma disputa entre libertários e comunistas, olhando para os EUA da Guerra Fria. Assumimos que por ser nos EUA era certo, a verdade é que hoje fica claro que nem no auge da Guerra Fria essa perseguição aos comunistas fazia sentido. A URSS, teria colapsado de qualquer modo, mas aqui insiro uma perspectiva que venho construindo...o capitalismo em uma de suas contradições fundantes, ao tornar o valor em um elemento autônomo, consegue tomar para si eventuais êxitos. Mas quando o capitalismo falha, a culpa não recaí sobre o capitalismo, a culpa recaí sobre a origem do valor, que é o próprio trabalho humano.

Na estrutura atual do capitalismo o valor atinge tamanha autonomia, que começamos a pensar que uma sociedade pode atingir tal nível de especialização a ponto de deixar de lado as pontas efetivamente produtivas da cadeia industrial, assim os pequenos valores que seriam agregados ao longo de um processo produtivo, acabam terceirizados, e um país como os EUA acaba condenado a especializar-se na produção de P&D. O que em princípio pode até parecer interessante, só que tamanha especialização produtiva é por si só excludente.

Por mais que o P&D tenha o potencial de gerar grandes massas de valor per capta, isso não é interessante num contexto em que esse valor não se distribui uniformemente na sociedade, no contexto da terceirização dessa ponta produtiva.

Podemos pensar em algo como a indústria de semicondutores, que acaba sendo um exemplo interessante justamente por podermos olhar para casos como NVIDIA e INTEL.  O que acontece agora, é que nos EUA equipes relativamente pequenas produzem grandes massas de valor. NVIDIA, AMD e mesmo Qualcomm são basicamente Powerhouses de P&D, o problema surge quando pensamos no ciclo produtivo desses produtos. Nos EUA é definida a arquitetura do processador, uma grande massa de valor é absorvida por um pequeno grupo de cientistas. É ótimo, o governo incentiva, e até mesmo financia isso. O problema é que a parte do processo produtivo que efetivamente gera valor pra sociedade e não apenas pra um grupo específico de pessoas é a produção dos pequenos valores no processo fabril.

Quando as grandes massas de valor , e as pequenas massas de valor se distribuem em diferentes geografias você gera como um subproduto sociedades disfuncionais, como os próprios EUA da atualidade, com seu quadro de desigualdade interno, e as mudanças em direção a uma sociedade de pequenos gigs,seja para a Amazon em seu novo modelo de delivery ou para UBER.
Mas para que uma sociedade funcione sem gerar grandes quadros de desigualdade ela precisa conseguir comportar a geração das grandes massas de valor, junto com as pequenas massas de valor sem abrir mão de uma ou outra. E eu particularmente adoro esse ponto porque me permite trazer aquela metáfora de Metropólis (1929) de que Heads and Hands precisam estar juntos.
Fica meio óbvio que eu entendo heads como os trabalhos de P&D e Hands como os trabalhos de colarinho azul, mas um ponto que é interessante é que o filme desenha todo um cenário em que essa relação se torna disfuncional sem um intermediário. Ainda na metáfora esse intermediário é o coração.

É um filme do fim dos anos 20, então é um contexto em que as revoluções industriais ainda são bem recentes. Um cenário em que comprador e vendedor da força de trabalho tem direitos conflitantes. Assim emerge o coração, na figura do Estado, para intermediar essas relações trabalhistas, pela força que só um ente como pode ter.

Mas agora de volta aos semicondutores uma empresa como a Intel ainda é bem verticalizada, e talvez seja o único motivo para os EUA ainda manterem certa relevância na ponta fabril dos semi-condutores [ isso se você considera a Costa Rica como os EUA]. Para além da Intel todas as outras empresas que produzem chips nos EUA, fazem isso com litografias mais antigas.

Aqui a perspectiva é mais de jogar ideias ao vento, mas colocando tudo junto a pergunta que fica é se o coração deve incentivar uma estrutura produtiva como a Intel em que grandes e pequenas massas de valores são geradas em uma mesma geografia? Ou algo como a NVIDIA em que toda a parte fabril acontece na TSMC em Taiwan?

Perceba que agora o papel do coração/ESTADO, já é um pouco diferente.

O que a voz do povo na figura desses libertários inconsequentes, tá fazendo agora é se eximindo de influenciar essa decisão. E o mercado vai acabar se viciado em gerar sociedades disfuncionais com gigantescos bolsões de desigualdade.
Para nós brasileiros essa coisa de se especializar só na produção da grande massa de valor é algo comum, porque se pensamos na nossa história de monocultura, era exatamente isso que tínhamos; senhores de engenho com mais dinheiro, do que sabiam como gastar, e o resto da sociedade vivendo ao redor deles.

Se formos por essa lógica dá até pra pensar se é o Brasil que tá virando os EUA, ou se não é exatamente o contrário.
Nesse jogo temos ainda Ásia correndo por fora com a China. Quando a galera olha pra China, geralmente se desenha um contexto de Taiwan X China, mas olhando mais fundo essa coisa fabril, que é a marca da china hoje foi construída com capital Taiwanês.  Umas primeiras plantas fabris a se estabelecer em Shezen foi a Foxxcon, de capital Taiwanês. E vale lembrar que o fundador da Foxxcon tem seus interesse governo de Taiwan. Do outro lado a china tá fazendo benchmark em Hong Kong do que deve ser a integração de Taiwan. No final, intencionalmente ou não, no final a China vai fechar o ciclo de Heads and Hands together intermediadas pelo coração, e se consolidar como a maior economia do mundo, o que ela já eh se pensarmos PPP (https://rwer.wordpress.com/2019/08/24/the-u-s-economy-is-not-the-worlds-largest/?fbclid=IwAR35FYoqNQX0HTdF-fH8p_wkrXBVUCo1_4xYeEnyuDN8EYOovclIzXeN-0U).

O interessante disso tudo é o que o auge da prosperidade americana foi na década de 60, momento em que com todo o esforço da indústria militar o Estado esteve bastante presente, via Pentágono, intermediando as relações entre grandes e pequenas massas de valores.

Aliás esse cinismo que nossos libertários inconsequentes tem em relação aos EUA, talvez seja justamente porque lá expansão fiscal se faz via Pentágono, e não BNDES. Não tem JBS, não tem Porto em Cuba. Mas tem General Dynamics,  tem Lockheed Martin, Boeing, GE...tem destruição e reconstrução do Oriente médio.

Enfim, independente de em qual setor um país busque se especializar ele tem que conseguir ao longo desse setor abarcar todas as camadas da sociedade. 

E aqui vai um outro problema, Brasil e EUA não fazem sentido enquanto unidade social. SUL/Centro-Oeste tem suas ambições em agro e São Paulo tem lá suas ambições indústrias, em nível macro são ambições que vão acabar conflitando. Talvez esse próprio modelo de países grandes demais precise ser repensado nos próximos séculos, se a globalização continuar nos levando nessa linha de especialização que temos hoje.

09 dezembro 2017

Engels e Smith: A verdadeira raiz da discussão econômica, e do jogo Direita/esquerda

O grande ponto com a desigualdade, é que como eu já falei aqui, Engels viu isso quando foi para Inglaterra. Tanto que o texto das grandes cidades no livro "A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra" foi publicado em 1845. E depois disso toda a obra dele começa a se moldar em torno do comunismo tanto que em 1848 ele vai ser o coautor do manifesto comunista. Mas a grande sacada é que como isso é a raiz da ciência econômica o Adam Smith já estava discutindo isso em 1759. Mesmo problema com diferentes backgrounds,e diferentes perspectiva gerando diferentes soluções. Talvez explique um pouco as divisões na academia brasileira.Já que o problema que vemos no Brasil de hoje é muito parecido com o Inglaterra na revolução industrial.

Resumindo pode esquecer Marx, o que de fato interessa é Engels e Smith.Os dois estão olhando pra mesma Inglaterra desigual da revolução.

E sobre aquela coisa de Niterói que eu já tinha posto no primeiro texto dessa série
"Manchester é construída de um modo tão peculiar que podemos residir nela durante anos, ou entrar e sair diariamente dela, sem jamais ver um bairro operário ou até mesmo encontrar um operário – isso se nos limitarmos a cuidar de nossos negócios ou a passear."

 Isso é Engels, no Smith isso aparece na descrição extremamente viva que ele vai fazer do isolamento, que já tá até naquela primeira citação
"The poor man goes out and comes in unheeded"
"O pobre homem saí na rua, e volta sem receber nenhuma atenção" 


Nos pdfs na descrição essa citação sobre manchester se estende da página 88 até a 91, porque ele descreve a imagem.

Sobre o Smith, como nosso debate no Brasil é bastante enviesado é difícil achar material, mas um bom ponto de partida é esse post num blog que funciona como HUB http://economistsview.typepad.com/economistsview/2008/06/adam-smith-on-p.html

+ alguns links http://revistaautoesporte.globo.com/Noticias/noticia/2017/10/land-rover-lanca-versao-hibrida-do-range-rover-sport.html

http://revistaautoesporte.globo.com/Noticias/noticia/2016/01/lada-niva-deve-chegar-em-2018.html

PDF's do Engels e do Smith (Vai aparecer, um erro na tela, mas tem o botão de Download)
 https://goo.gl/nGaANW


03 dezembro 2017

Expansão Fiscal com a indústria de defesa




Nesse segundo o IMF, começa a entrar cena a partir de 6m20s












O que é importante perceber desses videos? A guerra já está ganha, o que interessa é onde vai ficar a fábrica na qual vai ser construído o Avião e o armamento.  Assim essa subindústria do lobby, que é forte em terras Trumpianas começa a ficar mais clara. A indústria ajuda os legisladores americanos com doações, os legisladores aprovam os projetos, e levam ainda a fábrica em suas cidades de origem. Rolou uma expansão fiscal(afinal é o governo que tá bancando todo o projeto), sem empresa estatal, sem precisar de servidores, sem precisar inchar a maquina pública, e de quebra ainda leva uns veteranos... AKA Don Draper.

Ainda tem um outro aspecto, já que como esses brinquedos militares são "legais", ninguém reclama muito na mídia.

Se procurar por Chaebols ( Samsung, Hyundai...) ou Keirutsus (Sony, Mitsubishi...), vai ver que a ideia é a mesma na Ásia...de resto é só crise existêncial de subdesenvolvido.

Vai ver que mesmo a Coréia tem lá seus Joesleys, só que por lá ele é mais introspectivo.

E até sua Dilma...


***
Pra quem quiser aprofundar, nesse ponto os EUA já esta até transitando para uma segnda fase desse keynesianismo militarista http://cult320.onmason.com/files/2012/08/Gilmore-199899.pdf

02 dezembro 2017

Keynes VS Clássicos: Paradoxo de Gibson

A questão do paradoxo de Gibson, depende muito do quão iniciado você já está nesse
bloco de conhecimentos que é a economia. Até porque uma coisa é assumir que os
clássicos entendem que a taxa de juros é composta pela real produtividade,
juntamente com alguns detalhes do mercado de empréstimos local, outra é entender
as bases dessa ideia.

Mas aqui para fins básicos vamos apenas assumir isso, pelo menos por agora. Ainda
dentro da perspectiva dos clássicos temos que o nível de preços depende da oferta de
moeda.

Então quando Keynes, encontra uma correlação entre o agregado de preços de
commodites, e as taxas de juros é como se estivéssemos quebrando a lógica clássica, já
que essa relação não deveria existir (já que a taxa de juros independe do nível de preços). Assim emerge o paradoxo de Gibson.

Essa questão da correlação, só começa a ficar clara quando o Irving Fisher começa a
propor uma explicação baseada num cenário em que os agentes planejam a taxa de
juros, com uma perspectiva de inflação, que de fato se executa posteriormente.

O que começa a aparecer nessa ideia aqui.



Ou ainda na forma de equação


Aqui usamos a soma, mas isso é só uma aproximação que funciona bem quando falamos de pequenos valores como é o caso da inflação, e deveria ser dos juros. Na real isso é um produto.

Depois ainda vai ter toda uma discussão, se o Fisher, não tá só falando a mesma coisa de um outro modo, mas enfim.

Bom até aqui é só uma noção bem por auto, mas em termos de aprofundamentos o mais interessante é esse aqui https://mobile.minneapolisfed.org/research/wp/wp75.pdf

26 novembro 2017

Visão geral do mercado de renda fixa

Link pra mesma imagem,só quem grande em PDF https://goo.gl/hft7et

Bom a ideia aqui já está bem resumida na imagem.

O dinheiro que busca por segurança tende a prioritariamente ir para o sovereign debt com baixo risco na figura de EUA ou Alemanha, quanto ao Brasil nos encaixamos numa segunda categoria já com maior risco.

Temos a figura da dívida em moeda local (Local currency) com a selic, e também a dívida em dólar ( http://www.tesouro.fazenda.gov.br/-/nota-a-imprensa-brasil-anuncia-reabertura-de-bonus-em-dolar ).

Com mais risco tem a dívida corporativa,que segue os mesmos caminhos entre hard e local currency, o detalhe é que dá pra imaginar algumas dívidas corporativas com menos riscos que a dívida brasileira, mas isso já é uma discussão de métricas de risco.

 então somando esses dois textos aqui:

http://www.cinemaecia.com/2017/11/selic-cambiocomo-funcionae-verde.html
em que explico isso pela visão do investidor local


http://www.cinemaecia.com/2017/11/porque-selic-tem-que-ser-alta.html
pela perspectiva do investido externo

Já dá pra começar a ter uma noção de como as coisas funcionam nesse setor de renda fixa. Muitos desses recebíveis recebem classificações de agências, o caso é que em 2008 isso deu alguns problemas na mensuração de risco (dá pra dizer que aquela dívida se encaixava na categoria de corporativa, embora seja um pouco mais complicado, nesse caso são CDO's e ++).

E ainda hoje essa noção de como mensurar o risco é bem complicada. Para lidar com isso surgem instrumentos como a CDS uma espécie de seguro que cobre esses papéis de renda fixa. No caso da CDS você vai ter alguns custos adicionais, mas se você acabar levando um calote, o teu segurador assume o risco. E  é aqui que começamos a entender o que se estava falando no "The big short" ( O título desse blog ainda é cinema e alguma coisa, né?)


Mas mesmo com essa mensuração de risco, muitas vezes, essa mensuração ainda não é lá muito confiável. Isso passa muito por questões políticas, principalmente no caso da dívida soberana. Você sempre pode ter casos como o da Argentina e os fundos abutres. A história ali, foi algo do tipo que o governo quis renegociar a dívida e  alguns credores não aceitaram, quem tinha CDS, tava tranquilo...e quem não tinha...enfim no fim das contas os títulos não renegociados acabaram com os fundos abutres, afinal pro investidor que já não tinha perspectiva de receber nada é melhor vender por alguma coisa pra esses fundos. Até que quando o Macri (ou seria Macron...enfim França e Argentina...) assumiu ele simplesmente quitou a dívida.


Só que de onde saíram os doláres para quitar essa dívida? Simplesmente, de uma nova emissão de dívida, e isso saiu até mesmo na imprensa brasileira

"A Argentina pagou aos fundos "abutres" NML Capital e Aurelius e outros demandantes com dinheiro proveniente de uma emissão de US$ 16,5 bilhões autorizada por Griesa e realizada na semana passada."

Besides that, o jogo politico é zoado, mas essas questões são complicadas mesmo no âmbito corporativo. Quando o brasileiro médio pensa em mercado ele vai pensar no terninho caro do Dória, mas quando você começa a olhar a dívida corporativa seriamente ela é até mais complicada porque o compromisso com transparência vai variar muito de empresa para empresa, de país para país...It's complicated. E quando você começa a olhar pras dívidas corporativas de óleo e gás russas..,.você  não vai encontrar muitas garantias.

E é nesse buraco negro da dívida corporativa que alguns países escondem dívida que poderia deixar a relação dívida/PIB muito zoada nas figura dos quasi-sovereign...Mas isso já é uma outra história.


***
Se tiver afim de entender um pouco sobre a mensuração de risco em mercados emergentes, tem um texto muito bom da Lazard Asset Management explicando o EMBI, que é uma medida de mensuração riscos do JP Morgan, para esses mercado aqui https://goo.gl/nW7ucX

Também é válido dar uma olhada nessa falado Soros https://www.youtube.com/watch?v=QmlJBofEJp4 especialmente a partir de 11min

Uma promoção do RUBI CORP que também serve pra entender um pouco do caso russo http://data.cbonds.info/publication/Index_Introduction.pdf