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20 janeiro 2021

Reflexões sobre os trabalhos de colarinho azul, na era da automação e do pós-fronteiras

Eu parto do trecho Global poverty & open borders (5m50s)  de uma entrevista de 2015  que o Bernie deu pra Vox, no youtube o titulo é "Bernie Sanders: The Vox Conversation", pra construir algumas ideias sobre o futuro dos trabalhos de colarinho azul fronteiras e uma integração econômico-social que vai além de fronteiras politícas.


Aqui o vídeo já começa no minuto exato da pergunta em que esse argumento se desenvolve, de qualquer modo considerando o peso de figuras como a AOC em 2020, é valido entender de onde os próximos quatro anos estão partindo.

13 outubro 2018

McCain & o presidente legítimo



O interessante de ter um blog, é que consigo rever antigas posições. Mesmo crescendo no subúrbio, ao longo de toda minha formação intellectual e enquanto individuo sempre fui direcionado para um pensamento de esquerda. E de certo modo faz sentido que tenhamos esse direcionamento, na perspectiva em que o pensamento de direita, ou mais conservador, é por vezes tão realista, que chega a ser hopeless. A esquerda por outro lado consegue lidar , e até vender a esperaça de modo mais eficiente. Talvez isso ajude a entender o viés por vezes presente na acadêmia. E mesmo como depois da lava-jato conseguimos traçar os atuais quadros do PT, e do PSDB.

Mais complicado ainda é quando nessa periferia intelectual, acabamos vendo apenas uma parcela do quadro, por vezes deturpada de acordo com os interesses do momento. Por melhor ou pior que seja o presente momento, nessas eleições começamos a assistir o brasileiro caindo na realidade, uma realidade ainda confusa, carente de profundidade intelectual, mas aos poucos vamos transitando de um plano de governo semelhante a uma monografia mal escrita, pra uma apresentação ruim de consultoria.

O ponto é que e com essa superficial análise da forma dos planos de governo dos principais canditados, conseguimos ver uma aproximação da realidade em andamento. E por mais que nesse momento, eu me veja numa posição em que minhas bolhas sociais me encaminhem para uma direção, eu acabo vendo muito mais legitimidade na outra direção.

Tem uma simplicidade brutal no modo de pensar de uma das candidaturas, enquanto do outro lado observamos um pensamento já estabelecido. Mas também não é dificil perceber que Bolsonaro vem suavizando seu discurso ao longo da campanha, certamente fruto dos contatos que ele vem estabelecendo via Paulo Guedes. Sob muitas perspectivas esse não é um fenômeno novo na história do Brasil. E é aqui que entra o que parece ser a perspectiva mais relevante no candidato, o fato de estar disposto a ouvir, e com isso passo pelo fato de que Bolsonaro esta muito mais próximo de Lula no sentido de ser um elemento bruto em processo de lapidação. Enquanto Trump e Dilma eram figuras já prontas em suas respectivas sociedades que ascedem ao poder impondo visões já prontas, de forma por vezes autoritária.

Essa perspectiva de excesso de realidade na forma de enxergar o mundo, tão presente em determinados segmentos dos mercados, também nos traz alguns candidatos eficientes, mas que pecam por parecerem descrentes de qualquer ideológia, ou valor. Como se vê em Dória, e num dos poucos candidatos com os quais tenho me importado nessa eleição; o Eduardo Paes. Candidatos que mostram que o Brasil tem conseguido formar bons gestores, mas ainda falha em formar formar grandes estadistas, que estejam acima de disputas momentâneas.

Sinceramente, por mais que olhe com extrema desconfiança  qualquer um que aponte para uma vitória certa de Bolsonaro, não consiguiria enxergar legitimidade na vitoria de qualquer outro candidato. Nesse ponto poderiamos começar a discutir até que ponto a vontade da maioria em um determinado mês, é de fato sensata, ou distorcida pela dimensão dos eventos.

08 abril 2017

A divergência entre fiscalizados e fiscalizadores



Assistir palestras acaba um sendo um passatempo bem acessível nesses tempos de youtube. E eis que hoje vendo um debate entre Suplicy e Olavo de Carvalho, começa a ficar bem claro o que está acontecendo no Brasil. É um período de transição, alguns que outrora teriam sido intelectuais de referência na cena nacional, começam a evidenciar que estavam apenas aplicando sua própria interpretação do mundo nas suas análises, que provavelmente estariam altamente expostas a tornarem-se politicas públicas em outros tempos. O que não se configura como um problema, já que usualmente a lógica é “tem-se um problema, algum intelectual pensa esse problema, e desenvolve uma solução”. A grande questão fica mesmo evidente quando se percebe o quão descolado da realidade essa análise é, e por consequência fadada ao fracasso. Olhando a fundo,traços desse raciocínio podem ser percebidos em toda a legislação brasileira, que inúmeras vezes é a perfeição social-burocrática em si própria, mas totalmente inaplicável.

Daí faz sentido entender o grande medo que assola o empresariado brasileiro, e talvez o porquê de haver uma certa associação indireta entre essa classe e a direita brasileira. Já que esquerda, está rodeada de especialistas desse tipo [aquartelados nas universidades e distantes da realidade], o que talvez lhes tenham proporcionado uma certa vantagem histórica, na medida em que o discurso com certa base acadêmica, em sua essência tem maior peso social, isso associado as respostas simples capazes de uma engajar uma classe artística sem grande profundidade intelectual
num período de claras desigualdades na sociedade brasileira(em especial o período marcado pela estagflação até o inicio dos anos 2000). E de um modo geral, temos esses quadro de atores e interesses confusos,nos trazendo a esse período de transição contemporâneo.

Desde os anos 2000 a economia brasileira sofre uma acelerada transição, do “faz aí”, para uma geração que cada vez mais se volta a pensar em “como fazer, para então fazer”. Ao mesmo tempo, a elite que conseguiu ascender em meio ao conturbado período pré-anos 2000, se consolidou, e agora os filhos desses indivíduos, junto com alguns incríveis casos de superação do contexto social volta ao Brasil, trazendo na bagagem um background com o melhor que as Ivy-Leagues lhes puderam oferecer. Essa geração quer ocupar o seu espaço, e é aí que vão surgindo os Ségio’s Moro’s ou Deltan’s Delangnol’s. Vai sendo evidente, por uma simples análise de currículo, a diferença no capital social acumulado por esses indivíduos, e a atual classe politica brasileira, que construiu seu capital social, num cenário distante da consolidação dominado pelo “faz aí”. Enquanto que aqueles regressando das Ivy das Leagues construíram seu capital social num contexto já consolidado, e por consequência onde o “faz aí” já estava superado.

Não é que um vá estar mais certo do que outro, a questão chave é que construções individuais diferentes vão gerar perspectivas diferentes. Logo temos réguas diferentes, entre fiscalizadores e os fiscalizados. E como a tendência é que os fiscalizadores cada vez mais construam seu capital social num contexto já consolidado, os embates tendem a ser cada vez mais intensos entre as duas classes. A classe política será, pela essência do seu modus operandi, mais lenta no que se refere a absorver esses indivíduos que absorveram o capital social num cenário consolidado. Aqui enfocamos, na acumulação de capital social em cenários consolidados e  não-consolidados, mas cabe pensar que por hora o Brasil ainda vive a transição, então até que o país esteja consolidado teremos ainda a acumulação de capital social num cenário intermediário.