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15 dezembro 2011

Encurralado (1971) - Simplista porém criativo


Encurralado (1971), aposta no mistério e na curiosidade, para criar uma trama, que envolve o espectador nos dilemas do personagem central. Toda a trama se inicia quando numa estrada, David (Dennis Weaver) , ultrapassa um caminhão, a partir daí ele passa a se ver numa luta contra o veículo que começa a persegui-lo, buscando sua morte.
O filme deu inicio a carreira de Steven Spielberg no cinema. A principio foi produzido para ser exibido apenas na tevê, mas com seu sucesso acabou chegando aos cinemas do mundo inteiro.
O filme é simples, porém bem feito — talvez essa seja a formula de seu sucesso. A trama não possui subtramas, foca-se apenas no personagem central e no caminhão que o persegue. O caminhão, em momento nenhum, ganha um rosto que o represente por isso a maquina, se torna o coadjuvante do filme — da figura que dirige o caminhão, vemos apenas as botas, e o braço, fazendo um único movimento. Tamanha simplicidade, que todo o longa foi gravado em apenas 13 dias, e se tornou um clássico do cinema mundial.
O filme não conta com muitos personagens de importância, apenas David, que é perseguido pelo caminhão. Tal personagem é interpretado por Dennis Weaver, que consegue dar vida ao personagem, com uma boa atuação, que atende bem as necessidades do personagem, mas sem maiores méritos. É uma atuação simples, como todo o filme, que conta com um único figurino, poucos cenários — apenas o carro e alguns lugares a beira da estrada.
E como primeiro filme de qualquer diretor, o orçamento é baixo , diferente das demais produções de Spielberg, que viriam depois deste filme. A produção é simplista, porém criativa. Criatividade que contorna o baixo orçamento do longa.
Conclusão: esse filme é a aprova de que o segredo por trás de Steven Spielberg, não são os grandes orçamentos — embora eles façam uma grande diferença. Steven Spielberg, é um gênio,com ou sem grandes orçamento.

12 dezembro 2011

A pele que habito (2011) O artista que se apaixona por sua obra


A pele que habito (2011),marca o reencontro do Diretor Pedro Almodóvar com Antonio Banderas. Foi através das produções de Almodóvar, que Banderas caiu nas graças de Hollywood, entretanto os dois havia tido uma briga, que com esse novo longa parece ter se resolvido.
É difícil falar desse filme, sem contar o final, já que toda a trama é interligada numa narrativa, onde as consequências são mostradas primeiro, para que em seguida as causas apareçam e deem sentido a tudo o que aconteceu.
Antonio Banderas, se adequa muito ao bem ao personagem, um médico pesquisador alucinado que perde a esposa e em seguida vê sua filha,que se recuperava dos problemas de sociabilidade, ser estuprada, e piorar de vez, tendo que ser internada. Mas não resiste a loucura e acaba por destruir a própria vida durante sua internação.
O personagem de Banderas tem ainda uma grande ligação com uma paciente, que mantém internada em sua casa, que é também uma clinica de estética e um laboratório. Mais tarde vai se descobrir uma ligação entre todas as subtramas, que a principio não possuem nenhuma ligação, mas estão muito mais ligadas do que se pode imaginar.
O filme tem seus momentos engraçados, e não são poucos, aliás, acaba se perdendo um pouco, quando cenas que deviam levar um mínimo de seriedade, causam risadas na plateia, caso da cena final com a belíssima atriz Elena Anaya, que apesar de aparecer magistralmente durante quase todo o filme, falha nesse momento.
O longa ainda carrega um ar misterioso, e cientifico que pode conquistar aos fãs de séries médicas, como House e outras tantas.
Toda a história acontece dentro de um circulo de apenas 3 personagens, outros aparecem pelo caminho, deixam, ou não, sua marca e a história segue. A trilha sonora é agradável, não atrapalha a história, ou mesmo influi e aparece nos momentos certos. Cenas de sexo, o filme tem várias, algumas desnecessárias, mas numa obra em que tudo ganham sentido em determinado momento, como é caso desta, é difícil imaginar o filme sem elas.
O longa ainda deixa o final aberto, algo que se espera de filmes que se candidatam ao Cult, não acredito que seja o caso deste. Mas não deixa de ser um bom filme espanhol, com um ator que é mundialmente conhecido por seu trabalho nas terras do Tio Sam. Almodóvar deixa sua marca nessa narrativa, que alterna passado e presente para contar o clichê do artista que se apaixona por sua obra (não posso falar muito sobre isso, caso contrário acabaria revelando o final da trama).

07 dezembro 2011

Incêndios (2010) - 1+1=1


Sua mãe acaba de morrer, você agora está diante de um advogado — que era também o patrão de sua mãe —, pronto para leitura do testamento, e quando está acontece, você descobre que seu pai está vivo, e que tem um irmão. E para cumprir a vontade de sua mãe deve agora viajar pelo mundo, e entregar uma carta para cada um deles. Caso contrário, sua mãe deverá ser enterrada de uma estranha; despida, e sem uma lápide que leve seu nome.
O filme pode não ser interessante, para os fãs de blockbusters americanos, já que a narrativa durante todo o filme —com exceção do final — é lenta — até cansativa, já que sabemos apenas o que os filhos sabem sobre a mãe, e vamos junto a eles conhecendo a história da mãe através de flashes. Trilha sonora; existe, mas em pouquíssimos momentos, e não influi diretamente na cena, fato que contribui ainda mais, para o realismo que o filme consegue transmitir.
O longa não economiza, ou exagera no drama, tudo acontece na medida certa, com cenas que somente podem ser descritas de uma forma: Nuas e cruas. Sem muitos retoques, ou cortes o filme tem cenas fortes, como uma cena, em que cristãos atacam um ônibus com muçulmanos. E essa cena não pode ser descrita com palavras, apenas vista.
O diretor acerta grandiosamente ao apostar numa narrativa, que alternar entre o presente — com a filha— e o passado — vivido pela mãe.
O longa também, aposta numa ligação com as ciências exatas — matemática—  ,já que a filha, uma matemática, cria coragem para sair viajando pelo mundo através de cidades fictícias, e descobrindo o passado de sua mãe ao ouvir de um professor a frase “Problemas insolúveis geram problemas insolúveis”. Nessa cena ela percebe que, precisa atender ao pedido de sua mãe ou carregará esse peso de durante toda sua vida.
Outra cena genial, se dá no final quando ao descobrirem todo o mistério que envolvia sua mãe, A mulher que canta, o definem em apenas uma equação 1+1=1. Numa das cenas onde se vê toda a emoção, que não havia sido vista durante todo filme.
O filme é brilhantemente dirigido por Denis Villeneuve, que mostra toda sua genialidade, desde a primeira até a última cena, já que na mesma, todas as demais, em especial a primeira, ganham sentido. Outro ponto interessante do longa foi posto em debate por Susana Schild, durante uma sessão do mesmo na mostra Filme em Foco, diferentemente do que acontece nos filmes hollywoodianos, na produção as cenas que seguirão não são pré-anunciadas por uma trilha sonora, ou por qualquer outro elemento.
O longa ainda conta com incríveis cenas na piscina interpretadas pela maravilhosa, e desconhecida dupla central de atores (Lubna Azabal , Maxim Gaudette)Tal cena também pode também ser interpretada , como algo maternal, já que agua da piscina pode ser interpreta como a bolsa de uma mãe ( esse é outro tema posto em debate na mostra Filme em foco).
O longa de Denis Villeneuve, também é repleto de personagens muito bem construídos e complexos, como a mãe, que não é boa nem má, é uma pessoa, um resultado de suas, experiências.

05 dezembro 2011

Zelig - Uma joia esquecida


Sabe aqueles filmes, que você não consegue esquecer? Esse é o caso de Zelig, que tem Woody Allen, como roteirista, diretor e protagonista. O filme é uma grande mentira, muito divertida. No longa a história de Leonard Zelig (Woody Allen), um pacato cidadão americano, que é descoberto pela ciência, devido a uma característica única, desenvolvida por si — a qual os médicos consideram uma doença rara .Zelig tem a capacidade de se transforma nas pessoas que estão ao seu redor, por exemplo, se estiver conversado com um oriental, Zelig será um oriental, o mesmo acontece se estiver entre mafiosos, músicos, médicos, ou com quem quer que  que Zelig estiver conversando. A fim de tentar resolver o mistério surgem várias opiniões entre os médicos, alguns dizem que Zelig tem um tumor cerebral, outros que o problema é mental, e tantas outras teorias surgem. O caso acaba ganhado o interesse da mídia, e a Drª Eudora Fletcher , descobridora do caso de Zelig acaba perdendo acesso a seu paciente, mas nunca desiste, e isso resulta num final maravilhoso.
Além de convencer, como documentário o filme é genial ao fazer comédia com o comportamento humano, e com grandes personalidades da história — entre elas o Führer Adolf Hitler, que tem um de seus discursos interrompidos pelo bipolar Zelig, junto a Drª Fletcher.
Apesar de seu evidente lado cômico, o filme também é mais um daqueles que nos leva a refletir em suas piadas, afinal é difícil não ser um Zelig, numa sociedade competitiva onde constantemente temos de nos adequar aos mais diversos ambientes, para que sejamos aceitos—como o personagem — e para obter sucesso, ainda que não sejamos bipolares como o personagem de Woody Allen.
O filme é de 1983,mas tem a maior parte de suas cenas em Preto e branco, com umas poucas cenas coloridas, nas quais as pessoas que “viveram” a situação comentam o fato, a fim de que o longa tenha mesmo, a cara de um documentário ,entretanto toda a história do longa se passa entre as décadas de 1920 e 1930, e Woody , ainda que nos dá uma mostra, de que nosso desejo pelo sucesso do momento não é de hoje. Isso, porque para se aproveitar do sucesso de Zelig com a mídia e com público surgem bonecos de Zelig — aquele astro teen sem graça, que recentemente veio ao Brasil também tem um boneco, não? — canções (muito legais, feitas exclusivamente para o longa), tudo a fim de explorar ao máximo a imagem de Zelig. Assim como nos dias de hoje.
O filme, é uma ótima opção para fazer rir, pensar, e proporcionar uma viagem no tempo — através de grandes personalidades — , pena que seja tão esquecido, e difícil de se encontrar, mas certamente, é um filme que você deve ver antes de morrer  assim como considerou o canal TCM ,que está exibindo a quinta edição da seleção dos 50 filmes que você deve ver antes de morrer, com grandes cults do cinema mundial, apresentados pelo critico Rubens Ewald Filho.

02 dezembro 2011

Almas à venda - Um filme que nos leva a refletir


Você pode extrair armazenar, e até mesmo vender sua alma. Existe um mercado negro para venda de almas, o chamado tráfico internacional de almas, que vende almas russas, nos Eua, e vice-versa. Tudo para se livrar das ditas, dores da alma. É, parece que sem uma alma, podemos mesmo ser mais felizes. Ou não? É em dúvidas como essa que Almas à venda, nos faz refletir.

O filme começa, abordando a extração de almas— com uma naturalidade inacreditável—, isso devido a crise que o ator Paul Giamatti — interpretado pelo próprio— ,vive para interpretar um personagem no teatro, e a fim buscar uma solução para essa crise resolve extrair sua alma.

O filme é uma sátira da realidade, uma grande metáfora,  confesso , difícil de ser interpretada ,mas nós somos difíceis de se compreender, de se julgar, de se interpretar. Já dizia o livro O pequeno Príncipe “Se consegues fazer um bom julgamento de ti, és um verdadeiro sábio”.

O filme aborda, o ser humano, que acha que deixando de carregar  ,suas características, suas experiências felizes, ou não ... Poderá ser feliz, “sendo outra pessoa”, ou não,sendo “um vazio”.

Assim como na vida, no filme é difícil definir uma alma, cada alma é única, já diz o personagem de David Strathairn (Dr. Flintstein). E, como já dizia Steve Jobs, percebemos que as     experiências, que vivemos fazem de nós o que somos.

O roteiro é inteligente, serve para fazer pensar e refletir no que somos, na vida que vivemos, no mundo capitalista, onde tudo é dinheiro.

Uma falha ,e deixar de se aprofundar na história, de alguns dos personagens  russos, que acabam sendo mal aproveitados, caso da atriz russa (interpretada pela belíssima Natalia Zvereva ,que impressiona pela beleza de seus olhos) que queria a alma de Al Pacino, mas por falta de disponibilidade, acaba com a de Paul Giamatti.

Como comédia, o filme não faz rir ,mas sim refletir no valor da Alma, e em quem somos. O filme é de fato um grande drama, que não fez por merecer grandes premiações, mas foi lembrado no SPIRIT AWARDS, com indicações de Melhor Fotografia, Melhor Roteiro de Estreia, e melhor Atriz Coadjuvante para Dina Korzun, que interpreta Nina, a mula que de tanto carregar almas entre a Europa e a América, já começa a se perder,em meio a essas tantas pequenas sombras das almas que já carregou.

O filme é complexo, uma boa opção para refletir sobre quem somos, sobre o mundo em que vivemos, sobre o valor da família, e aquilo que é realmente importante para nós. Além de ser uma ótima opção para os amantes de filmes Cult.

29 novembro 2011

Um documentário,que cumpre aquilo que promete

Documentários abordando homossexualidade, existem aos montes, abordando o assunto das mais diversas maneiras, entretanto sempre falham em alguns aspectos. Seja exagerando, no conteúdo que é levado  aos cinemas, ou mesmo ridicularizando a comunidade GLBT. Mas também existem bons documentários que tratam do assunto, de uma forma que não apresenta gays e lésbicas como pessoas de outro mundo, mas os mostra como pessoas, que assim como todos dentro de uma sociedade tem suas particularidades, e caraterísticas únicas, que os individualizam.
E um desses bons documentários, é Ik bem een meisje! (em português: Eu sou uma menina), o documentário, é na verdade um curta metragem, holandês, dirigido por Susan Koenen, uma cineasta pouco conhecida — sua página no IMDB, conta apenas com umas poucas informações sobre sua filmografia. O curta, mostra uma menina de treze, que enfrenta o dilema, de gostar de um menino, mas não sabe como agir, e resolve consultar sua amiga para saber como conquista-lo; porém há mais um dilema a ser resolvido, se conquista-lo como: contar que a alguns anos era um menino?
O filme, vai além, e mostra o cotidiano da menina, que se sente perdida, em meio a amigas, que crescem e vão tendo seus corpos transformados , enquanto a própria se vê em meio a curvas masculinas, e não se vê como uma menina completa.
A forma como o filme, mostra o cotidiano da menina ,é o melhor ponto do filme, já que isso é feito de uma forma natural, sem moralismo, sem escandalizar o espectador.Com uma personagem central carismática, que faz o público compreender, e aceitar seus dilemas, que vão sendo apresentados ao longo do curta por meio de fotos, da época em que ainda se vestia de menino até a fase em que se encontra — sendo uma menina, ainda tentando firmar o apoio da família, nessa descoberta ainda tão recente.
O filme, foi exibido no festival Curta Cinema 2011, e em sua exibição na sala Odeon Petrobras arrancou aplausos da plateia, e também pode ser encontrado no You tube infelizmente sem legendas em português.