Da série traduções informais, não autorizadas, e não solicitadas
Some Unpleasant Monetarist Arithmetic
Aqui a gente traduz apenas a introdução com a ideia geral do artigo, que é traz um dos canais de dominância fiscal. O Blanchard, olhando pro Brasil pré-Lula constrói um outro canal mais enfocado no mercado de câmbio.
Em seu discurso para a American Economic Association, Milton
Friedman (1968) avisou para que não se esperasse demais da política monetária.
Em particular, Friedman argumentou que a política monetária não poderia influenciar
permanentemente os níveis de produto real, desemprego ou taxas reais de retorno
em títulos da dívida. De qualquer modo, Friedman falou assertivamente que a
autoridade monetária poderia exercer um importante controle sobre a taxa de
inflação no longo prazo. O propósito desse artigo é argumentar que mesmo em uma
economia que satisfaz as premissas monetárias, se a política monetária é
interpretada como operações de mercado aberto, então a lista de coisas que a política
monetária é incapaz de fazer deve ser expandida para abarcar o controle da
inflação.
No contexto desse artigo, uma economia que satisfaz as
premissas monetárias (ou uma economia monetarista), tem duas características: a
base monetária está diretamente conectada ao nível de preços, e a autoridade monetária
pode aumentar o seignorage (TRAD:Aka
liga a impressora), ou seja
obter receita através da emissão de moeda. Nós mostraremos que sob certas
circunstâncias, o controle que a autoridade monetária possui sobre a inflação
em uma economia monetárista é bastante limitado, mesmo quando a relação entre a
base monetária e o nível de preços é forte. Em particular nós vamos demonstrar
que isso é verdade quando políticas monetárias e fiscal, são coordenadas de um
modo específico, e a demanda do público por juros da divida pública tem uma
certa forma.
A demanda da dívida pública impõe restrições ao
endividamento do governo de pelo menos duas formas. Na primeira forma, impõe-se
uma restrição na relação dívida/PIB (TRAD: Se o
resultado é >1 a divida é superior a
100% do PIB [EUA e Japão], no Brasil é por volta de 0,7-0,8 (70-80%)).
Outra forma é estabelecendo a taxa de juros dos títulos.
(TRAD: Pra entender essa ideia é bom pensar que quando se fala em economia
aberta, existe o conceito de que a taxa de juros local deve pelo menos igualar a
taxa de juros externa i=i*, assim por exemplo quando taxa de juros interna é
maior que a externa, essa diferença é entendida como o prêmio de risco. Mas nem sempre é assim, por exemplo quando Brasil pagava 80% de
juros durante a hiperinflação,o que rolava é que com as variações do câmbio esses 80% viram
2%-10% em moeda estrangeira). Na verdade essa coisa de achar que tá pagando
demais, e na verdade tá dando prejuízo pro outro lado é a cara do Brasil, o
Hobsbawn vai falar sobre isso, quando trata da Inglaterra construindo ferrovias
pelo Mundo na Revolução Industrial (A era das Revoluções).)
Na perspectiva em que a autoridade monetária acaba sob essas restrições, ela tem sua capacidade de controlar a inflação capada/limitada, em parte isso
ainda vai também depender do modo como as políticas monetárias e fiscal são coordenadas.
Para ver isso vamos desenhar os seguintes quadros:
Primeiro quadro:
Imagine que política monetária (TRAD: figura do BC, Ministério da
Fazenda) , domina a política fiscal (TRAD:
Todos os gastos, que vão ser centralizados na figura do MPOG). Nesse
formato a autoridade monetária ajusta suas próprias metas, definindo quanto vai
imprimir, agora e no futuro. A autoridade fiscal sob essa restrição, define quanto vai gastar, se o
orçamento fica negativo, esse déficit é financiado com uma combinação entre
impressão e emissão de dívida.
(TRAD: Os autores,
meio que encaram como que se a dívida fosse emitida pelo fiscal , na figura do
tesouro nacional, mas no Brasil esse quadro é meio confuso, daí emerge a
necessidade por uma lei de responsabilidade fiscal nessa real burocracia)
Nesse quadro a autoridade monetária (TRAD: Que é dominante), pode permanentemente
controlar a inflação em uma economia monetarista, por que o lado monetário,
pode escolher a que taxa gostaria de imprimir, em outras palavras definir o
caminho que gostaria de seguir com a base monetária. (TRAD: E a via fiscal se ajusta respondendo a via monetária)
(TRAD: Basicamente o BC diz quanto está disposto
a imprimir, e a partir dessa informação se define o orçamento público no MPOG)
Segundo quadro:
Agora o lado fiscal é dominante. A autoridade fiscal (TRAD: num ato de
solitude, já que solidão é triste, e é dificilmente imaginar alguém triste com
um amex black) ajusta seu orçamento anunciando todos os atuais e
futuros déficits e superávits, e (TRAD: entrega a conta para o lado monetário, que vai resolver isso
via dívida e impressão, lembra o Bumlai recebendo a conta do PT https://www.youtube.com/watch?v=McsjTgoDpTQ
). Mesmo que a autoridade monetária ainda possa controla a inflação, a
força desse controle é menor que sob o primeiro cenário. (TRAD: Aqui é a via
monetária que se ajusta sob as definições da via fiscal).
(TRAD: O ponto aqui
é que via monetária está sob aquelas restrições iniciais, quanto mais dívida no
mercado, mas juros, e quanto mais juros pior a relação dívida/PIB,para evitar esse quadro ativa-se a impressora e tolera-se a inflação)
(TRAD: Já para
adiantar o que vai ser a chave nessa discussão, mesmo que se explore ao máximo
o financiamento via dívida agora(t), invariavelmente isso vai gerar expectativa
de inflação futura(t+1) [já que o fiscal continua dando déficit],
dai o texto olha pro jogo entre uma taxa de impressão maior ou menor agora + Expectativa
de inflação e como essa expectativa pode gerar mesmo agora (t) uma taxa de
inflação mais alta).
Essa introdução ainda segue um pouco, mas com essas notas já
deu para cobrir o principal.
O melhor é sempre ler o original até, porque esse é um texto
bem descompromissado, mais pra levantar e qualificar a discussão, do que pra
propriamente oferecer alguma conclusão.
https://www.minneapolisfed.org/research/qr/qr531.pdf