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01 junho 2012

Você é feliz?

Já tem algum tempo, que mantenho uma página aqui no Cinema & CIA com um poema, Caso do Vestido, de Carlos Drummond de Andrade. Na época a página surgiu como complemento a um artigo sobre um filme, baseado no tal poema. Um filme baseado num poema, pelo fato em si, já se constitui uma situação interessante, marco do pensamento romântico, onde grandes obras musicais eram inspiradas em poemas, pinturas, obras literárias... Enfim, logo naquela época, já achei o filme fascinante, e o poema também.
 Mas hoje, tendo se passado menos de dois anos, tornei a ler o poema; com outra forma de pensar, outra mente, com novas ideias, com mais experiências vividas... E é mesmo incrível, perceber como um mesmo texto, com as mesmas palavras, as mesmas vírgulas, pode se colocar diante de nós de formas tão diferentes, em momentos tão distintos, e ao mesmo tempo complementares de nossas vidas.
Uma experiência, um momento, uma situação, independente da forma como isso acontece, muda as pessoas. E isso acontece todo dia, a cada minuto, somos de fato a metamorfose ambulante, proposta por Raul Seixas. A cada experiência, crescemos como seres humanos que somos.
Em situações como essa é fácil perceber, o por quê de quando perguntamos a uma criança se ela é feliz, ela sem mesmo pensar, responde de súbito que sim. Ao fazer a mesma pergunta a um adulto, já começamos a perceber as diferenças, ele certamente irá pensar, demorará um pouco a responder, por fim, pode até dizer que sim, é feliz, mas qual o motivo dessa incerteza, expressa na demora em responder?
A mente nunca pode se fechar para o mundo, e para a vida, talvez seja aí que reside a certeza da criança em responder que é feliz, ela é curiosa, quer saber o por quê de tudo,  sem precisar da exatidão extrema, que torna a vida tão complexa , quando ela em sua mais pura essência é simples e agradável. Se a vida for tida como difícil, ela não será fácil, mas o oposto também é real.
Para certas perguntas, não devem existir respostas, e é essa inocência que deveria fazer a vida mais simples e feliz.
Daniel Rodrigues




->Caso do Vestido

10 setembro 2010

Um filme para assistir sem pressa, com calma

Cena do filme "O vestido",2004
O filme é magnífico, possui uma linguagem poética — algo que pra certos filmes acaba sendo como “cavar a própria sepultura”,mas isso não acontece com “O vestido” (2004) que agrega em um único filme boas atuações,e um roteiro excelente,portanto,as falas que a “primeira vista” poderiam parecer um pouco ultrapassadas,ou literárias demais,acabam ganhando vida,pela voz do ator que as interpreta.Em relação ao elenco,o filme não tem nenhum ator que se sobressaia muito,já que todos estão magníficos — fiquei um pouco insatisfeito apenas com,Ana Beatriz Nogueira,senti que faltou um pouco de emoção à Ângela,sua personagem.
Alguns puritanos — ou moralistas — podem vir a criticar o filme, pelas cenas de sexo — que em certos momentos,acabam sendo realmente desnecessárias — mas,acredito que não tenha sido fácil para o diretor,Paulo Thiago,definir qual viria a ser,a medida certa,para cenas deste tipo.Em um filme que tem como um de seus temas principais,o desejo e o amor,que um homem pode vir a sentir por uma mulher,ou vice-versa.E evitar que o filme,se transformasse numa pornô-chanchada.
“O vestido” é inspirado no poema “Caso do vestido”, do consagrado escritor brasileiro Carlos Drummond de Andrade.Em geral,a historia do filme,não se diferencia muito do poema de Drummond,apenas acrescenta-lhe alguns detalhes,como o garimpo,que em nenhum momento é citado no poema,ou o fato de Bárbara (Gabriela Duarte),ser uma atriz,contratada por Fausto ( Daniel Dantas ).
“O vestido” não é um filme de muito ritmo,sua historia é contada sem pressa,em parte pela voz de Ângela (Ana Beatriz Nogueira ),em outra parte pela voz de Bárbara (Gabriela Duarte).Portanto se você planeja assistir a esse filme,é recomendável,que você esteja calmo — sem grandes preocupações,ou estresses do dia-a-dia — sem pressa,caso contrário,você corre sério risco,de não gostar do filme,que é ( particularmente )muito bom,mas que possui uma narrativa lenta,que alguns — que estejam mais apressado,ou estressados — podem achar “chata e cansativa”.Resumindo:”O vestido” é um filme para ser visto com calma.

>>Para ler o poema "Caso do vestido",de Carlos Drummond de Andrade,clique aqui.