“A Bruxa de Blair”, “[REC]”, “Cloverfield”, “Atividade Paranormal”, “Poder sem Limites”. O que esses filmes têm em comum? O estilo “mockumentary” (falso documentário), no qual assistimos à obra cinematográfica segundo a perspectiva de um dos personagens, que carrega uma câmera e registra tudo ao seu redor, por isso a imagem tremida e os cortes abruptos. Essa técnica foi sendo gradativamente associado ao gênero terror (“A Bruxa de Blair” em 1999 inaugurou essa tendência) com poucas exceções (“Cloverfield em 2008 apostou no filme-catástrofe). “Poder sem Limites” vem para se juntar a esse grupo e marcar suas particularidades: usar um pseudo-documentário num filme de super-herói.
Temos, então, a história de três amigos, Andrew Detmer (Dane DeHaan), Matt Garetty (Alex Russell) e Steve Montgomery (Michael B. Jordan), que certo dia encontram uma cratera no chão, onde no interior descobrem uma esfera luminosa. Depois de tomar contato com esse estranho objeto, eles adquirem poderes telecinéticos (a capacidade de fazer levitar e controlar objetos com o poder da mente). O que a princípio não passava de brincadeira juvenil, foi aos poucos se tornando uma ameaça descontrolada.
Um dos aspectos mais interessantes do desenvolvimento da trama é retratar os adolescentes de forma verossímil e próxima do público. Muitos dos diálogos e situações construídos realmente pertencem ao universo dos personagens, fazendo-nos acreditar que aquele que fala ou acontecimento poderiam acontecer na vida real. Exemplo mais do que claro disso é o fato de os adolescentes utilizarem seus poderes apenas se divertirem, como levantar a saia de garotas, assustar crianças ou fazer piadas com outras pessoas. Isto por sinal torna-se o ponto alto do filme ao combinar comédia e belos efeitos visuais.
Porém, citando o tio Ben de Peter Parker em Homem Aranha: “Todo o poder traz grandes responsabilidades”. O que poderia se resumir apenas a puro entretenimento, sai do controle a partir do momento em que Andrew começa a se aproveitar de sua habilidade para cometer atos violentos. Desde o início, já vemos como o garoto tem uma vida difícil: solitário praticamente com somente um amigo, o primo Matt (vale observar que Steve só se torna seu amigo após o episódio da cratera, quando Andrew não é mais considerado um loser), vítima de bullying na escola e filho de um pai bêbado e violento e de uma mãe doente em estágio terminal. A partir daí, entendemos como seus problemas afetam sua mudança de personalidade, de uma pessoa tímida e retraída para alguém em estado de fúria descontrolada, muito bem elaborada pelo roteiro.
Outro detalhe, que por sinal poderia ter comprometido o longa, importante foi a justificativa encontrada para o uso da câmera o tempo todo. Toda a ideia de Andrew empregar essa tecnologia como uma barreira de proteção diante de um mundo hsotil a ele é crível com o personagem e a realidade em que vivemos. Da metade do filme em diante, a escolha de mostrar a câmera sempre do alto, em função dos poderes telecinéticos dos garotos, revela-se acertada por trazer à tona a importância da imagem para os jovens, seja como auto-afirmação, seja como apreciação de sua suposta superioridade. Em outros instantes não ligados a essas duas questões, a câmera subjetiva é usada sem uma explicação convincente.
Por outro lado, a produção também possui seus pontos, principalmente em termos de direção e construção narrativa. Em certos momentos, esbarramos em diálogos, cenas e personagens desnecessárias (tudo referente a blogueira, por exemplo). Além disso, a cena final tem seus méritos (a força de um desfecho impactante e a opção por variar os enfoques da cena, ora a câmera do personagem, ora a câmera do diretor, ora celulares na rua, ora circuitos de segurança), mas também erra ao termos o diretor Josh Trank num estilo nervoso e confuso que remete aos piores dias de Michael Bay na franquia Transformers.
“Poder sem Limites” ao final mostra-se uma boa diversão. Não é perfeito, mas funciona como filme de ação com toques cômicos e dramáticos e, acima de tudo, indica outras possibilidades ao “mockumentary”.
Temos, então, a história de três amigos, Andrew Detmer (Dane DeHaan), Matt Garetty (Alex Russell) e Steve Montgomery (Michael B. Jordan), que certo dia encontram uma cratera no chão, onde no interior descobrem uma esfera luminosa. Depois de tomar contato com esse estranho objeto, eles adquirem poderes telecinéticos (a capacidade de fazer levitar e controlar objetos com o poder da mente). O que a princípio não passava de brincadeira juvenil, foi aos poucos se tornando uma ameaça descontrolada.
Um dos aspectos mais interessantes do desenvolvimento da trama é retratar os adolescentes de forma verossímil e próxima do público. Muitos dos diálogos e situações construídos realmente pertencem ao universo dos personagens, fazendo-nos acreditar que aquele que fala ou acontecimento poderiam acontecer na vida real. Exemplo mais do que claro disso é o fato de os adolescentes utilizarem seus poderes apenas se divertirem, como levantar a saia de garotas, assustar crianças ou fazer piadas com outras pessoas. Isto por sinal torna-se o ponto alto do filme ao combinar comédia e belos efeitos visuais.
Porém, citando o tio Ben de Peter Parker em Homem Aranha: “Todo o poder traz grandes responsabilidades”. O que poderia se resumir apenas a puro entretenimento, sai do controle a partir do momento em que Andrew começa a se aproveitar de sua habilidade para cometer atos violentos. Desde o início, já vemos como o garoto tem uma vida difícil: solitário praticamente com somente um amigo, o primo Matt (vale observar que Steve só se torna seu amigo após o episódio da cratera, quando Andrew não é mais considerado um loser), vítima de bullying na escola e filho de um pai bêbado e violento e de uma mãe doente em estágio terminal. A partir daí, entendemos como seus problemas afetam sua mudança de personalidade, de uma pessoa tímida e retraída para alguém em estado de fúria descontrolada, muito bem elaborada pelo roteiro.
Outro detalhe, que por sinal poderia ter comprometido o longa, importante foi a justificativa encontrada para o uso da câmera o tempo todo. Toda a ideia de Andrew empregar essa tecnologia como uma barreira de proteção diante de um mundo hsotil a ele é crível com o personagem e a realidade em que vivemos. Da metade do filme em diante, a escolha de mostrar a câmera sempre do alto, em função dos poderes telecinéticos dos garotos, revela-se acertada por trazer à tona a importância da imagem para os jovens, seja como auto-afirmação, seja como apreciação de sua suposta superioridade. Em outros instantes não ligados a essas duas questões, a câmera subjetiva é usada sem uma explicação convincente.
Por outro lado, a produção também possui seus pontos, principalmente em termos de direção e construção narrativa. Em certos momentos, esbarramos em diálogos, cenas e personagens desnecessárias (tudo referente a blogueira, por exemplo). Além disso, a cena final tem seus méritos (a força de um desfecho impactante e a opção por variar os enfoques da cena, ora a câmera do personagem, ora a câmera do diretor, ora celulares na rua, ora circuitos de segurança), mas também erra ao termos o diretor Josh Trank num estilo nervoso e confuso que remete aos piores dias de Michael Bay na franquia Transformers.
“Poder sem Limites” ao final mostra-se uma boa diversão. Não é perfeito, mas funciona como filme de ação com toques cômicos e dramáticos e, acima de tudo, indica outras possibilidades ao “mockumentary”.
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