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19 maio 2021

Islã, judaísmo e as civilizações humanas



Eu venho lendo bastante sobre a tradição Islâmica até por ser a tradição religiosa mais recente (sec 7), com maior escala na atualidade.

Ponto interessante: Há uma origem comum para as tradições monoteístas no Judaísmo, isso em paralelo ao politeísmo visto no Helenismo (Grécia) e no Zoroastrismo (Pérsia).

No caso do Zoroastrismo a discussão é mais complicada do que a dualidadade padrão

O que é fascinante na tradição judaica, em particular, é a capacidade de manter uma tradição/documentação razoavelmente coesa. Talvez uma consequência da tradição de Rabinos como figuras acadêmicas.

E as próprias discussões da Talmud representam bem isso.

E essa questão da documentação ganha peso no judaísmo, porque tanto o Islamismo quanto o Cristianismo vão ter ciclos de censura muito fortes em suas trajetórias; o que talvez seja o custo de ser uma religião dominante.

Ponto interessante 2: O Judaísmo guarda em si uma tradição que interagiu com as principais civilizações da humanidade, o que por vezes colocou em xeque o significado da tradição judaica como na Maccabean Revolt, que emerge entre judeus tradicionais e judeus mais engajados no Helenismo grego.

Mas retornando a cultura Islâmica, um ponto que começa a me chamar atenção é a figura das navegações no Califado/Império Abbaside. Isso porque a dinâmica em torno do grandes navegações europeias sempre me soou um tanto estranha. E mesmo o Waldseemüller map (primeiro registro cartográfico das américas só vai aparecer num contexto germano já depois de 1500).


Enfim minha racionalização é que possivelmente na tradição de navegação árabe já existiam relatos sobre as Américas. E como a península Ibérica no período de Al-Andalus/Andaluzia esteve sob essa influência, essa interação seria o ponto de partida para as navegações na Ibéria e no Califado de Cordóba. 

Colocando em perspectiva o tipo de astronomia, desenvolvido para o posicionamento da qibla em direção  a Meca acaba favorecendo o desenvolvimento do que serão as ciências náuticas. E mesmo as justificativas ''acidentais'' para a chegada a América e ao Brasil poderiam servir para despistar a inquisição, enquanto se buscava as ideias de Abu Rayhan al-Biruni, ou o desenvolvimento de ideias islâmicas de modo geral, já que o próprio al-Biruni teoriza sobre as Américas no contexto do cálculo da qibla.

Num contraponto interessante tem a história do Duarte Pacheco Pereira, mas ainda nesse caso talvez seja uma questão de complementaridade.

EBC | Para historiadores, “achamento do Brasil” no caminho das Índias não foi por acaso 

Was America ‘discovered’ in medieval Central Asia? | Science (sciencemag.org)

Huaisheng Mosque - Wikipedia (bem distante de Xinjiang- atual epicentro Muslim)


Ponto interessante 3:  É que a tradição árabe é naturalmente nômade, o que vai ser vital pra espalhar a tradição Islâmica pelo mundo, tanto que já em 627 (o profeta Muhammed morre em 632)DC se estabelece uma mesquita em Guangzhou, uma região portuária da China.

Esse tipo de leitura tem um aspecto meio dead end, até porque é difícil saber o que é de fato importante num oceano de informações que individualmente não são de grande confiabilidade. Mas minhas leituras sobre as tradições de Helenismo/Judaísmo/Islamismo vêm num contexto de entender como a tradição milenar ocidental se comunica com a tradição asiática, nos meus estudos de China, que por hora andam meio parados. 

Um exemplo interessante é a relação do mito do Great Yu com a figura do dilúvio em Noé nessa linha mais da tradição da Judaica. E é interessante porque entre as várias versões dos mitos do Great Yu, a dinâmica do dilúvio acaba virando algo relacionado a construção de barragens. O que se enquadra bem como um “dilúvio” plausível.

No meio o Indus Valley, uma das civilizações com pior documentação histórica.(A idéia no mapa é pensar em origens, não tanto em fluxos comerciais regulares que se estabelecem com navegações)

De modo geral meu interesse é mais desenvolver uma perspectiva em relação a como as tradições de civilizações do Nilo/Tigre/Eufrates interagem com a civilização do Yellow River.

Essa questão me é interessante porque retoma o ponto que tradição/documentação chinesa talvez seja uma fonte mais confiável para a história do ocidente que se perde entre religiões, línguas e censura religiosa.

O dilema se torna ainda mais fascinante quando colocamos em perspectiva que boa parte da discussão sobre história da informação/civilizações/conhecimento hoje é feita com base na documentação em Latim, e boa parte dela só começa a existir a partir da prensa de Gutemberg, que seria um marco importante para o renascimento.

Ainda que por hora atravancados meus estudos da tradição chinesa, me levaram a pensar que uma civilização só se forma no momento em que se estabelece um sistema de escrita. Há clara vantagem quando uma sociedade consegue estabelecer um modelo que permite fazer com que ideias atravessem gerações (a escrita, e sistemas de registro como contabilidade), quando esse sistema se estabelece ela [sociedade/civilização] já tá pelo menos um degrau mais avançada em relação a outra que não tem esse sistema.

Essa vantagem é militar, mas também é levar a ordem do imperador aos extremos do território, na forma do registro escrito, e esse é um exemplo bem visível na figura dos escribas chineses. Os quais atuavam na administração imperial, e no fazer cumprir a palavra do imperador. É nesse ecossistema que os carácteres chineses vão se desenvolvendo.



O maior desafio é linguístico, nesse tipo de estudo, e como os carácteres chineses atravessam uma infinidade de variações ao longo dos séculos, tenho olhado com mais carinho para a tradição dos carácteres árabes, e mesmo para o hebraico ainda que por hora seja mera ambição distante.

Trazendo um pouco dessa discussão para o contexto atual, a principal marca das civilizações ocidentais é o monoteísmo. Na medida em que o Judaísmo é o berço do monoteísmo, fica fácil entender a importância que o Estado de Israel tem para as tradições anglo-saxãs.  Ne medida em que a tradição árabe só abraça o monoteísmo pleno tardiamente há certo esforço europeu para apagar essa tradição não monoteísta.

(a origem do judaísmo ainda me é uma questão em aberto mas ele coexiste com a Grécia antiga por algum período, no caso islâmico é bem definido o período de vida do profeta Muhammed no séc 7 DC)

Fossem os faraós egípcios monoteístas, talvez a situação na região do Oriente Médio e do povo árabe fosse diferente hoje. Isso porque na medida em que o colonialismo europeu ocupa aquela região,há certa procura pela própria identidade da civilização europeia, que depois se mistura com os dramas do pós-guerra e do cristianismo americano dando origem ao Estado de Israel

Esse texto é meio que um ideias jogadas ao vento, um esboço, enquanto tento fazer algum sentido da história da humanidade. Logo peço que não leve a discussão religiosa ao pé da letra.

No mais, alguns pontos do texto são fatos históricos bem aceitos, outros nem tanto, e ainda outros são hipóteses sobre as quais eu ainda vou procurar literatura. Mas tenha em mente que esse tipo de discussão é um dead end recheado de incertezas.

Modi: Last Week Tonight with John Oliver (HBO) - YouTube (mencionado no podcast) 

Who Was Philo Judaeus of Alexandria? Dr. Henry Abramson - YouTube

08 - Myths of Yu the Great.pdf (usp.br)

Yu the Engineer and Flood Stories from China: Crash Course World Mythology #17 - YouTube

*Islamic Political Thought: An Introduction (princeton.edu)

How Kaaba Became The Most Sacred Place Of Islam | Mecca | Absolute History - YouTube

From Petra back to Makka – From “Pibla” back to Qibla - Muslim HeritageMuslim Heritage

The Sound of the Mozarabic / Andalusi Romance language (Numbers, Greetings & The Wren) - YouTube

Judaism and Islam on JSTOR

Who was Paul of Tarsus? Jewish Biography as History Dr. Henry Abramson - YouTube

Thoth's Pill - an Animated History of Writing - YouTube

Was America ‘discovered’ in medieval Central Asia? | Science (sciencemag.org)

Um ponto interessante pra começar a olhar uma perspectiva de ancient europe alternativa a Roma



No mais a Ilha de Creta e a Grécia acabam se desenvolvendo numa zona de influência Turca


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