08 setembro 2020

Minha relação com cinema



Já tem algum tempo que minha relação com cinema mudou. De um modo geral tenho a impressão que muito do que sou agora passa pela experiência dos cinemas de rua em Botafogo, pelas pequenas salas das distribuidoras na Cinelândia, e por quê não? Por aquela sessão de Wall Street 2 no Box Cinemas de São Gonçalo. Ao mesmo tempo eu não sou mais aquela pessoa, naquela época eu poderia facilmente maratonar 100 episódios de uma novela colombiana em uma semana, chegar com 2 horas de antecedência no Poeira para garantir meus ingressos pra ver Aline Moraes em Dorotéia.

Naquela época era normal pra mim sair pela manhã e passar o dia perambulado pelos centros culturais da Cinelândia. Eu nem sou tão velho mas já posso dizer que sinto falta do Odeon sob a batuta do Estação. Nunca vou conseguir reconstituir a experiência de comprar um ingresso aleatório ali e sair impressionado, porque sem nenhuma expectativa eu assisti “A pele que hábito”. E olha que já tentei refazer esse trajeto com “Dor e Gloria” no Reserva de Niterói.

Pra não dizer que eram apenas bons momentos me lembro de sair daquela sala, já depois das 23h vendo um tedioso filme italiano, era um festival. Do filme lembro quase nada, lembro de sair correndo pra pegar o 110 ali no Passeio,cujo último era as 23h30m.

Por outro lado, eu dificilmente lembro muito das peças que assisti, delas eu costumo guardar a memória de como me senti. Sabe que teatro sempre é algo distante, naquela época eram as sessões especiais de 1 ou 2 reais no Odeon competindo com algumas um pouco mais caras no CCBB e na Caixa Cultural versus os 20 ou 50 reais que eu gastava fácil em qualquer ida ao teatro.
Pra não ser injusto com o Teatro lembro do Marco Nanini nos Correios, foi barato e a peça foi boa. 
Mas eu não lembro muito da peça. Acho que teatro é pra sentir mesmo, todo aquele jogo de luzes, o ator entregue com olhar perdido. É eu dificilmente lembro alguma coisa. Depois eu ainda tentei ver uma outra montagem de Dorotéia numa sala ali da Cinelândia agora sem Aline Moraes, não lembro de absolutamente nada, mas essa é porque foi ruim mesmo.

Sobre o cinema, e toda minha vivência audiovisual, hoje eu sou o cara que assiste pacientemente um episódio de por semana de Better Call Sall, isso meses depois da temporada estar completa. O próprio ritmo da série nem parece mais ter pressa, e olha que eu me lembro de assistir empolgadissimamente 3 ou 4 temporadas de Breaking Bad e ficar ansiosíssimo pelo grand-finale... My baby blue...

É do ser humano, espero, se cansar um pouco do roteiro repetitivo resumido no cabeçalho deste site, e buscar novas formas de saciar a alma. Por mais ateu que eu ainda almeje ser, entre prótons e nêutrons, só tem energia e acho que neste momento minhas partículas vibram noutra frequência De Broglie talvez explique.

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