17 julho 2021

Deixando de ser refém do noticiário



Elemento comum a qualquer pessoa viva na atualidade: acompanhar o noticiário. Mas como acompanhar o noticiário sem se tornar refém do fluxo de notícias? Um primeiro ponto para se ter em mente é que as notícias se tornam públicas, e passam a integrar o noticiário, na medida em que são apuradas. Então um primeiro passo para deixar de ser refém do noticiário é começar a entender qual o conhecimento as peças que aparecem esporadicamente no noticiário estão desenhando/formando. A partir desse desenvolvimento, quando as peças do noticiário, se tornam partes de um saber, o indivíduo ganha a possibilidade de antever os próximos desencadeamentos do noticiário.  


Soa abstrato, mas é até que bastante simples. Agora mesmo o noticiário está repleto de discussões e notícias sobre a falta de chuvas e o risco de crise energética. Para começar a antever os próximos desenvolvimentos na questão, e deixar de ser refém do fluxo de apuração do noticiário; o próximo passo natural é entender como funciona a geração de energia elétrica no Brasil, e em termos prático: quão expostos ao risco estamos?  


Construído o entendimento geral do sistema, eu particularmente, começo a procurar como os pequenos detalhes se encaixam nessa lógica geral. Em termos de metodologia cientifica/empirista, isso seria dedução, já que partimos de lógica geral para só então olhar os detalhes.  A indução seria o caminho inverso, na medida em que parte dos detalhes; no que tange a antever as discussões no noticiário não creio que seja uma metodologia eficiente. 


Dificilmente você vai conseguir encontrar qualquer coisa, enquanto busca por complexidade. Então busque por coisas idiotas e simples. Qualquer especialista dando entrevista, tende a estar mais preocupado com o próprio ego, do que com a informação sendo transmitida. Tendo isso em mente, ele enfoca na complexidade da informação sendo transmitida. No mundo real, em se tratando de fenômenos humano-sociais, dificilmente complexidade é útil pra explicar muita coisa. 


Quer ver um exemplo: Da pseudociência idolatrada por financistas, a análise técnica o que funciona melhor é o simples, justamente porque é a primeira coisa que as pessoas buscam institivamente. É a diferença de você procurar um livro secreto de análise técnica, que pouquíssimas pessoas conhecem, ou comprar o mais popular pra entender o que as pessoas vão estar procurando, baseado na metodologia do livro. Em última instância, você não está mais procurando pela “análise técnica”, mas sim como as pessoas que leram aquele livro vão construir um racional sobre o que está acontecendo no mercado. Em outras palavras como “pensam” os leitores desse livro, e como o conteúdo apresentado no texto influencia o seu decisionmaking? 


É hipotético, porque eu nem acho que exista um manual dominante em análise técnica. 


Mesmo no caso de algo como energia, teoricamente mais hardscience, é mais provável que falhas operacionais aconteçam porque duas pessoas não se gostam (um problema social de comunicação), do que por alguma complexidade técnica. 


 Então é sempre preferível buscar a simplicidade onde ninguém está olhando, do que um detalhe da complexidade para onde todos estão olhando. Isso no âmbito de fenômenos sociais estritamente humanos. 

Ainda na dinâmica de simplicidade ou complexidade. Entre especialistas, acadêmicos ou de mercado, o natural é uma busca cega pela complexidade...uma questão de ego..., mas bem verdade é que a construção de complexidade só deveria responder a demanda. Por exemplo: Eu tenho a teoria atômica da Grécia antiga, e todas as discussões atômicas da físico-química moderna. Mas a físico-química moderna responde a uma demanda moderna da geração de energia nuclear e da bomba atômica. E na maioria dos casos não científicos a complexidade é dispensável.  


No que tange a antever o noticiário, provavelmente o melhor seria uma busca bem seletiva por complexidade, partindo de um entendimento geral simples. 


Sobre apresentar alguma conclusão: é sempre interessante se limitar ao “explain like i'm five”, claro que diferentes audiências vão apresentar diferentes demandas por resposta; mas a dinâmica do “explain like i'm five” é útil na conquista da audiência e no processo de conduzir essa audiência a perguntas mais complexas. Claro que conhecer o interlocutor facilita no ajuste da oferta de complexidade, mas no mundo real é interessante ver como nomes conhecidos da economia, enquanto eulirico, são quase irreconhecíveis quando comparamos seus bestsellers com seus artigos científicos de periódico. 

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