18 novembro 2015

Vanessas

Todo episódio de House, tem um roteiro prático. E você sempre sabe que lá pelos 30 ou 35 minutos Gregory vai ter uma sacada genial e achar a cura, com uma ou outra exceção nos episódios duplos. Não tem complicação, a resposta sempre esteve ali. Bastava que ele parasse brincasse com a bolinha ou tivesse uma conversa com Cuddy, e a resposta estava ali. Mas não importa, ele precisa de todo o ciclo com os inúmeros exames, e processos de investigação para concluir alguma coisa. Justo, a vida impõe um certo ciclo antes de algum resultado. 
Mas e quanto aos 30 ou 35 minutos? A resposta vai surgir de uma hora para outra na vida? Seriam os 30 ou 35 minutos equivalentes a alguma coisa como 30 ou 40 anos? Fato que nas tantas incertezas que a vida impõe não tem certo ou errado – talvez por isso o personagem nunca tenha se dado muito bem em sua vida pessoal. Existe apenas aquilo que é melhor, de acordo com o objetivo. E isso por vezes é um gigantesco choque de realidade, é chato – e incrível também – pensar que não existe uma resposta certa, que nos dê uma certeza quanto final. Existem sim, os inúmeros caminhos que nos trazem algumas garantias, mas o ponto é que por mais “garantidos” que sejam os caminhos, ao concluirmos um trajeto não seremos mais os mesmos, e assim é incerto se as garantias que o caminho nos oferecia no início, continuam assim tão “garantidas”, e principalmente se elas ainda são úteis em um novo contexto com novos objetivos.
É estranho pensar que somos escravos de nossas escolhas, as quais vão aos poucos limitando nossas possibilidades. Eu por hora vou buscando construir uma trilha que me permita um dia dizer que quero fazer outra coisa, qualquer que seja essa. Talvez nem ainda esteja definida. O interessante, e principal, não é a escolha que se fará, mas sim a possibilidade de se fazer uma escolha, “alheia” ao contexto. E por mais que o contexto sempre pesará em alguma escolha, é uma boa se abrir a novos contextos.
Dentro de um único contexto as possibilidades, estarão sempre limitadas ao que aquele contexto permite. Dentro dos inúmeros possíveis, elas são infinitas. E é legal pensar que nessa constante viagem entre contextos/realidades/universos vai conosco uma bagagem, que vai crescendo aos poucos. Vai ficando um pouquinho de cada história que ouvimos. De cada pessoa que conhecemos, e ainda daquela conversa alheia que ouvimos, não por falta de educação – embora seja- mas sim porquê era interessante.
Talvez algum dia, alguém se interesse em compartilhar das suas histórias e de viver novas, talvez você escreva um livro. Pode até decidir morrer sem compartilhar com ninguém, mas você viveu.
Todo mundo tem uma história, curto pensar que cada em cada janela tem um universo de possibilidades, daquelas tantas que deixamos para trás ao fazer as nossas próprias escolhas.
Muitas foram tomadas por outros, que fizeram destas tantas, as suas escolhas e suas histórias.
  
É divertido andar pelo minhocão e olhar pelas janelas - #praqueprivacidade? – no trajeto você vai observando as casas bagunçadas, arrumadas, imaginando porquê da bagunça ou ordem. Olhando nas camas, se imagina quantas histórias de amor já rolaram por ali. Nos móveis, quando antigos: será que são uma herança de família?
Olhando a casa de alguém, você vai traçando e imaginando as características dos moradores. Tem aquelas mais cool, com cores fortes, móveis preto e branco, obviamente novos. Mas tem também aquelas de tons pastéis com os móveis na cor da madeira envernizada.
Tem aquelas com tv de tubo, e outras com uma tv gigantesca do tipo “ainda tá vendendo”.

E no próprio minhocão você vai encontrando a alma de uma cidade. Se pessoas tem histórias. Tente imaginar quantas histórias uma cidade teria para contar. No horizonte o COPAN – praticamente uma cidade dentro de outra – e na lateral “Procuram-se Vanessas para falar de amor”. 


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